Avaliação da lectina de Canavalia maritima Thours em evento vascular da inflamação aguda. / Evaluation of lectin from Canavalia maritima Thours vascular event in acute inflammation.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/04/2008

RESUMO

Lectinas são (glico)proteínas de origem não imune, que têm sido utilizadas no estudo da inflamação, devido ao reconhecimento de resíduos de carboidratos presentes nas membranas das células inflamatórias, através de seus domínios lectínicos. A lectina isolada da leguminosa Canavalia maritima (ConM) apresenta especificidade de reconhecimento por resíduos de maltose e trealose, com maior afinidade por dissacarídeos. A atividade, disponível na literatura, desta molécula foi demonstrada apenas in vitro. Assim, objetivou-se investigar a atividade da ConM in vivo em eventos vasculares do processo inflamatório agudo, suas propriedades antinociceptivas e toxicidade. Foram utilizados ratos Wistar machos (150-250g) na inflamação e nos ensaios de toxicidade, e camundongos Swiss albinos machos (20-35g) nos estudos de nocicepção. O estudo da atividade da ConM na inflamação foi feito utilizando-se o modelo de edema de pata. Quanto à atividade anti-edematogênica, os animais foram injetados e.v. com a lectina (0,01; 0,1 e 1 mg/kg), 30 minutos antes dos estímulos carragenina (2 mg/pata) e dextrana (300 g/pata). Quanto à atividade pró-edematogênica, a lectina foi injetada (0,01; 0,1 e 1 mg/kg) por via s.c. intraplantar como estímulo. Em ambos, a participação do domínio lectínico foi avaliada pela incubação da lectina, à 37 durante 30 min., com seu açúcar ligante maltose (0,1M). Para a avaliação do aumento de permeabilidade vascular induzido pela ConM, os animais receberam a lectina (0,1mg/kg; s.c.) 30 min após a injeção de azul de Evans (25 mg/kg; e.v.), sendo sacrificados 30 min após. A quantificação do extravasamento protéico foi feita por espectrofotometria (A600 nm). No estudo do mecanismo da ação edematogênica da ConM, os animais foram tratados ou 1h antes da lectina (1mg/kg; s.c.) com: L-NAME (300mg/kg; e.v.), meclizina (40mg/kg; s.c.), pentoxifilina (90mg/kg; s.c.), indometacina (5 mg/kg; s.c.), ácido niflúmico (30mg/kg; i.p.), ou com a própria ConM (1mg/kg; e.v.). A atividade antinociceptiva da ConM foi avaliada no teste da formalina, pela injeção da lectina (0.1, 1 e 10 mg/Kg; e.v.) 30 min antes da indução da nocicepção por formalina (20μl a 2,5% v/v). A toxicidade foi avaliada após o tratamento de ratos com a ConM (1mg/kg) durante 7 dias, acompanhando-se os seguintes parâmetros: funções do rim e fígado (peso úmido, dosagem de creatinina e uréia, cinética da aspartato amino transaminase e alanina amino transaminase), peso úmido do coração e baço, variação de massa corporal, leucograma e dosagem de proteínas totais, albumina e globulina como indicadores do equilíbrio osmótico. Resultados expressos como Média  E.P.M. e analisados por ANOVA e teste de Ducan (p<0,05 fixado para indicar significância estatística). Por via sistêmica, a ConM na dose de 1mg/kg inibiu o edema de pata induzido em ratos por carragenina e dextrana, em 43% e 27%, respectivamente, não tendo mostrado sinais de toxicidade após 7 dias de tratamento. Nas doses de 1 e 10 mg/Kg, esta lectina inibiu a segunda fase da nocicepção induzida por formalina em camundongos, em cerca de 59% e 54%, respectivamente. Entretanto, por via local, a ConM mostrou ação edematogênica acompanhada de aumento de permeabilidade vascular de cerca de 37%. O efeito edematogênico, mas não o antiedematogênico da ConM foi prevenido em 48% pela administração conjunta de maltose. O edema induzido pela ConM foi inibido por meclizina (55%), ácido niflúmico (49%), pentoxifilina (37%) e indometacina (37%), mas não por L-NAME ou pela própria lectina. Em suma, a ConM injetada sistemicamente apresentou atividade antinociceptiva e em menor escala, ação antiedematogênica. Por outro lado, injetada localmente apresentou atividade edematogênica, cuja potência foi dez vezes maior do que a atividade antiedematogênica, mostrando o envolvimento de histamina, canais de cloreto, IL-1, TNF- e prostaglandinas. Os efeitos pró-inflamatórios da ConM, mas não os anti-inflamatórios, parecem envolver o domínio lectínico. Este estudo abre perpectivas para a utilização da ConM como ferramenta farmacológica no estudo de condições inflamatórias e nociceptivas, auxiliando na descoberta de novas drogas.

ASSUNTO(S)

canavalia maritima lectina inflamação fisiologia canavalia maritima lectin inflammation

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