Avaliação da evolução clínica e dos fatores prognósticos em pacientes com epilepsia mioclônica juvenil. / Evaluation of clinical evolution and prognostic factors in juvenile myoclonic epilepsy patients.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Objetivo: Investigar se variações fenotípicas, incluindo expressão de traços reflexos têm implicações prognósticas na epilepsia mioclônica juvenil (EMJ). Métodos: Setenta e seis pacientes com EMJ participaram de um protocolo neuropsicológico por vídeo-EEG (VNPP) e métodos habituais de ativação. Sessenta e cinco deles foram acompanhados por pelo menos três anos. Os traços reflexos foram definidos como indução de crises e/ou descargas ao EEG pelo fechamento ocular, fotoestimulação intermitente, linguagem, praxia ou cálculo. Os pacientes tiveram avaliação psiquiátrica e responderam ao IDATE (Inventário Diagnóstico de Ansiedade Traço-Estado). O controle de crises foi classificado de acordo com Prasad e cols. (2003). Os pacientes foram divididos em Grupo 1: controle satisfatório de crises e Grupo 2: controle moderado ou pobre de crises. A avaliação por Video-EEG/EEG foi repetida após uma média de 4,4 anos em 21 pacientes. Resultados: Vinte e nove dos 76 (38,2%) pacientes apresentaram efeito provocativo e a inibição foi encontrada em 28/31 (90,3 %). Os métodos habituais de ativação foram mais eficazes em provocar descargas no EEG. As tarefas de programação-ação, especialmente aquelas envolvendo a praxia manual foram mais eficazes como métodos de ativação que as de pensamento. O efeito inibitório foi mais freqüente durante o cálculo mental. Os pacientes com distúrbios de ansiedade tiveram maiores índices de descarga e não tiveram efeito inibitório pelo VNPP. Quarenta de 65 (61,5%) pacientes acompanhados atingiram controle satisfatório de crises, 25 (38,5%) deles tornaram-se livres de crises. Os pacientes do Grupo 2 tiveram duração mais longa da epilepsia; maior prevalência da combinação dos três tipos de crises; descargas no EEG de base; registro de crises e sensibilidade à praxia. Comparados aos pacientes livres de crises, aqueles com crises persistentes apresentaram início mais precoce da epilepsia; maior prevalência de transtornos de personalidade; maiores escores no IDATE-Traço e maior prevalência da sensibilidade à praxia e à linguagem. A repetição do EEG/video-EEG sugeriu uma evolução paralela entre o desaparecimento dos traços reflexos e o controle das crises. Conclusões: Dentre as tarefas neuropsicológicas, a praxia exerceu o efeito provocativo mais marcado. A expressão de traços reflexos e algumas características fenotípicas em pacientes com EMJ apresentam implicações negativas para o prognóstico.

ASSUNTO(S)

epilepsia mioclônica juvenil/diagnóstico prognóstico evolução clínica cognição fenótipo eletroencefalografia neurologia

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