Avaliação da dispersão do intervalo QTc em pacientes com insuficiência cardíaca crônica secundária à cardiomiopatia da doença de Chagas.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi avaliar a dispersão do intervalo QTc em pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica secundária à Cardiomiopatia da doença de Chagas em relação às variáveis clínicas, eletrocardiográficas, laboratoriais e ecocardiográficas em virtude da ausência de tais dados na literatura médica. Foram analisados os Prontuários Médicos de todos os pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica rotineiramente tratados no Ambulatório de Cardiomiopatia da FAMERP de janeiro de 2000 a novembro de 2003. Obteve-se o eletrocardiograma convencional, 12 derivações, de cada paciente. O traçado foi registrado à velocidade de 25 milímetros por segundo, na amplitude N, 6 derivações simultaneamente. O intervalo QT, corrigido para a freqüência cardíaca, foi medido manualmente em pelo menos 2 ciclos consecutivos e, no mínimo, em 5 derivações eletrocardiográfícas. A dispersão do intervalo QTc foi calculada pela diferença entre o valor máximo e o valor mínimo do intervalo QTc. Os dados de 63 pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica secundária à Cardiomiopatia da doença de Chagas, de 34 pacientes chagásicos sem disfunção sistólica do Ventrículo Esquerdo e de 36 indivíduos controle foram utilizados no presente estudo. A mediana dos valores de dispersão do intervalo QTc foi 75 milissegundos (q1= 50; q3=1 05) nos pacientes com disfunção ventricular, 42 (q1= 30; q3=50) nos pacientes sem disfunção ventricular e 27 milissegundos (q1= 15; q3= 35) nos indivíduos-controle (p<0,000). A análise de regressão logística binária mostrou que a dispersão do intervalo QTc é uma variável independente para predizer disfunção sistólica em pacientes chagásicos (p<0,000; Intervalo de Confiança 95% 1,03 a 1,10; odds ratio= 1,07). Nos pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica, os valores da dispersão do intervalo QTc foram 74,20 26,50 milissegundos nos pacientes na classe I ou II e 94,2038,10 milissegundos nos pacientes na classe III ou IV da Associação Nova-Iorquina de Cardiologia (p=0,03), 97,830,8 milissegundos nos pacientes com e 70,628,3 milissegundos nos pacientes sem Bloqueio Completo do Ramo Esquerdo do feixe de His (p=0,02), 67,222,7 milissegundos nos pacientes com e 85,533,5 milissegundos nos pacientes sem extrassístoles ventriculares no eletrocardiograma convencional (p= 0,01), 67,529,8 milissegundos nos pacientes com e 84,7 31,8 milissegundos nos pacientes sem Aneurisma da Ponta do Ventrículo Esquerdo no ecocardiograma transtorácico (p=0,03). Houve correlação entre a dimensão do Átrio Esquerdo e os valores da dispersão do intervalo QTc (r= 0,32, p= 0,009). A dispersão do intervalo QTc foi 8730,6 milissegundos nos pacientes falecidos e 7430,3 milissegundos nos pacientes que sobreviveram (p= 0,13) ao período do estudo. Os valores da dispersão do intervalo QTc foram 95,2028,46 milissegundos nos pacientes que faleceram por deterioração irreversível da bomba ventricular, 73,3329,6 milissegundos naqueles que faleceram subitamente e 74,4627 milissegundos nos sobreviventes (p= 0,07). Os valores da dispersão do intervalo QTc foram 95,226,9 milissegundos nos pacientes que faleceram por deterioração irreversível do músculo cardíaco e 74,530,3 nos pacientes sobreviventes (p=0,03). Concluindo, a dispersão do intervalo QTc está associada a morte por insuficiência irreversível da bomba cardíaca em pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica secundária à Cardiomiopatia da doença de Chagas.

ASSUNTO(S)

electrocardiogram cardiomiopatia chagásica heart failure eletrocardiograma doença crônica dispersão qtc cardiologia insuficiência cardíaca enfermedad crónica qtc dispersion chronic disease chagas cardiomyopathy

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