Atitude do consumidor em relação à certificação voluntária da segurança dos alimentos em restaurantes comerciais, município de Campinas-SP / Consumer attitudes with respect to voluntary certification of food safety in commercial restaurants, municipality of Campinas - SP

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

08/07/2011

RESUMO

O consumo alimentar fora de casa é relevante para vários segmentos populacionais. Paralelamente, a ocorrência de doenças transmitidas por alimentos representa um problema de saúde pública, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento. Os restaurantes são frequentemente indicados como locais de ocorrência desse tipo de doenças e entre as causas principais, podem-se citar falhas no processo produtivo dos alimentos. Nesse cenário, surgem os certificados de qualidade, que visam, além da melhoria dos processos produtivos em restaurantes, informar os consumidores sobre os aspectos intrínsecos de segurança dos alimentos. Destaca-se ainda que a análise da atitude e do conhecimento dos consumidores em relação à segurança dos alimentos pode se configurar como ferramenta para auxiliar nesse processo (uma vez que atitude e conhecimento são fenômenos interligados), contribuindo para o entendimento do comportamento do consumidor. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar a atitude dos consumidores em relação à certificação voluntária da segurança dos alimentos em restaurantes, verificando a sua relação com as variáveis socioeconômicas e demográficas e com o conhecimento sobre os riscos microbiológicos das práticas em restaurantes. Para tanto, objetivou-se ainda, desenvolver duas escalas válidas e confiáveis, uma de conhecimento e outra de atitude, para que os objetivos principais fossem atingidos. A coleta dos dados foi realizada em duas etapas na cidade de Campinas, estado de São Paulo, Brasil, por meio de entrevistas com consumidores adultos que realizavam refeições fora de casa. A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) (parecer 1062/2008). Na primeira etapa, realizada para a construção e validação do instrumento, foram entrevistados, em diferentes fases do estudo, um total de 969 consumidores que frequentavam os restaurantes e praças do campus da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) nos meses de junho a novembro de 2009. Além disso, para a realização do grupo focal e validação de conteúdo participaram 21 indivíduos. A segunda etapa englobou a aplicação do questionário final em uma amostra de 350 indivíduos adultos que, além de realizarem refeições fora de casa, ouviram falar em certificações de qualidade. Esta etapa foi realizada de abril a junho de 2010 em um shopping center e um terminal de ônibus da cidade. Na primeira etapa, iniciou-se o desenvolvimento das escalas com o levantamento dos itens: no instrumento de conhecimento, por meio da revisão da literatura e da legislação; no de atitude, além do levantamento bibliográfico, utilizou-se um grupo focal. Posteriormente, após a redação dos itens foram realizadas a validação de conteúdo e de constructo bem como a análise da consistência interna e da reprodutibilidade dos instrumentos. A avaliação da influência da desejabilidade social (DS) (Marlowe-Crowne Social Desirability Scale - MC-SDS) também foi verificada no caso da escala de atitude. O questionário utilizado na etapa final, apresentando escalas com indicadores satisfatórios de validade e confiabilidade, englobou 77 questões, divididas em quatro partes: 1) Escala de atitude (24 itens); 2) Escala de conhecimento (23 itens); 3) Escala de desejabilidade social (20 itens) e 4) Informações socioeconômicas e demográficas (10 itens). Os dados obtidos foram agrupados em banco de dados e analisados nos softwares: Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0 e Predictive Analytics Software (PASW) Statistics, versão 18.0. Realizaram-se estatísticas descritivas básicas e testes de comparação de médias (t-Student, ANOVA e Mann-Whitney). A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (KS). Os resultados do desenvolvimento das escalas apontaram que ambas são válidas e confiáveis. A consistência interna foi de 0,79 (coeficiente alfa de Cronbach) para a escala de atitude e de 0,66 (coeficiente de Kuder-Richardson) para a escala de conhecimento; ambas apresentaram validades de conteúdo e de constructo satisfatórias, além de adequada reprodutibilidade. Além disso, não se observou correlação significativa dos resultados da escala de atitude com os escores da escala de DS. Os resultados da aplicação do questionário final apontaram que os consumidores apresentam uma atitude positiva em relação à certificação em restaurantes. O escore médio de atitude foi de 5,3 ± 0,7. Ao analisar as médias, não se observou diferença significativa entre os gêneros (p=0,353), formação na área da saúde (p=0,240), grau de escolaridade (p=0,105), renda familiar (p=0,539) e frequência em realização de refeições fora de casa (p=0,938). Entre as faixas de idade (p=0,040) e o nível de conhecimento (p=0,014) se observou diferença significativa. Verificou-se que existem falhas no conhecimento dos consumidores em relação aos riscos microbiológicos (em notas de 0 a 10, média de 4,3 ± 1,5), não se observando diferenças significativas entre os gêneros (p=0,388), as faixas etárias (p=0,102), os níveis de renda dos indivíduos (p=0,087) e a frequência em realização de refeições fora de casa (p=0,930). No entanto, consumidores com maior grau de escolaridade (p=0,001) e com formação na área da saúde (p<0,001) apresentaram nível de conhecimento significativamente superior ao de indivíduos com baixa escolaridade e sem formação em saúde, respectivamente. Pela análise dos resultados do desenvolvimento da escala, observou-se que o instrumento de medida desenvolvido é válido e confiável, portanto, adequado para a aplicação tanto na presente pesquisa quanto em estudos futuros com consumidores, auxiliando em pesquisas direcionadas à educação em segurança do alimento, ao marketing ou desenvolvimento de políticas públicas. Além disso, os resultados indicaram que os consumidores têm atitude positiva em relação à certificação, reforçando a necessidade de se estimular tanto o desenvolvimento como a promoção de certificações que visem à segurança do alimento

ASSUNTO(S)

atitudes consumidores restaurantes segurança do alimento certificação attitude consumers validity restaurant food safety certification

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