Association between atopy and recurrent vaginal candidíasis / Candidíase vulvovaginal recorrente: avaliação da resposta imune, associação com atopia e da eficácia terapêutica do fluconazol / cetirizina.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A candidíase vulvovaginal (CVV) é uma doença que afeta 75% das mulheres pelo menos uma vez durante a vida. E ainda, cerca de 5% das mulheres tem candidíase vulvovaginal recorrente (CVVR), que é definida como a ocorrência de quatro ou mais episódios de CVV por ano. Candida albicans, agente etiológico em 85-90% das pacientes com CVVR, é um fungo comensal dimórfico do trato gastrointestinal e geniturinário. Fatores exógenos associados à CVV incluem: uso de contraceptivo hormonal oral, gravidez, uso de antibióticos, diabetes mellitus e infecção por HIV. Embora a CVV seja facilmente tratada, o tratamento por si não previne as recorrências. Parecem faltar fatores imunológicos protetores importantes na mulher com CVVR. Nesse estudo, nós demonstramos que pacientes com CVVR têm anormalidades imunológicas caracterizadas pelo bloqueio na resposta imune do tipo 1 aos antígenos de C albicans e um aumento na produção de IgE. A interleucina 10 (IL-10) parece ter um papel supressor importante na imunidade mediada por células na CVVR, desde que a produção de interferon-gama (IFN-) foi restaurada após neutralização da IL-10. Também demonstramos que existe uma forte associação entre atopia e CVVR, embora não tenhamos observado predomínio da resposta imune tipo 2 para C. albicans. A proporção de pacientes com CVVR com resposta aos testes cutâneos de hipersensibilidade imediata foi maior do que a do grupo de comparação, formado por mulheres com candidíase vulvovaginal esporádica (CVVE). Não observamos diferenças significativas entre os níveis de interleucina 5 (IL-5) e IgE específicos para C. albicans em pacientes com CVVR quando comparadas com aquelas com CVVE, mas existiu uma forte associação entre a CVVR e história de alergia. Para comparar os níveis de IL-5 e IgE entre as pacientes com CVVR e CVVE utilizamos o teste de Mann-Whitney e para comparar as frequências de história de atopia e a proporção de positividadade do teste cutâneo nos dois grupos, realizamos os testes quiquadrado com correção de Yates. Constatamos também que a intensidade do prurido, queimor e ardor vulvar foram piores em pacientes que tinham atopia, sugerindo que a alergia desempenha um papel importante na CVVR. Tem sido observado que a candidíase em mulheres com CVVR pode ser controlada e algumas vezes curada com a utilização de terapia de manutenção a longo prazo com drogas anti-fúngicas, mas algumas pacientes permanecem com sintomas. No presente estudo, 24 pacientes com CVVR foram tratadas inicialmente com fluconazol (anti-fúngico) por oito semanas e 19 foram controladas. As cinco pacientes que falharam ao tratamento com fluconazol, foram tratadas com fluconazol associado à cetirizina (anti-histamínico). Essas pacientes tinham história de alergia e tornaram-se assintomáticas após a associação do antihistamínico ao tratamento anti-fúngico. Nesse caso, não podemos excluir a possibilidade de que o bloqueio à histamina não só contribuiu melhorando os sintomas, como também modificando a resposta imune. A associação de atopia com CVVR e o efeito benéfico do anti-histamínico em pacientes com CVVR indicam que esta medicação pode ser combinada à terapia anti-fúngica em pacientes com CVVR com história de alergia e que não tenham respondido à terapia anti-fúngica isolada.

ASSUNTO(S)

cytokins, atopy ige imunologia recurrent vaginal candidiasis candidíase vaginal recorrente citocinas

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