Aspectos sociais e reprodutivos das mulheres submetidas à laqueadura tubária na maternidade municipal Mãe Esperança em Porto Velho-RO

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Diversas publicações no Brasil relatam um expressivo número de mulheres submetidas à laqueadura tubária em idade precoce, bem como uma significativa taxa de arrependimento entre 12 a 20%. Considerando o grande número deste procedimento realizado na Maternidade Municipal Mãe esperança (MMME), em Porto Velho (RO), o objetivo do presente estudo foi descrever os aspectos sociais e reprodutivos de mulheres submetidas a este procedimento na referida instituição no período de julho de 2006 a junho de 2008. Trata-se de estudo descritivo retrospectivo com análise de dados secundários. A amostra foi composta por 862 prontuários de mulheres submetidas à laqueadura tubária na instituição no período referido. Os documentos constantes dos prontuários e utilizados como instrumentos de coleta de dados foram Declaração de Nascidos Vivos (DNV), Termo de Consentimento Informado Para a Realização da Laqueadura e Autorização para Internação Hospitalar (AIH). Os resultados da análise dos aspectos sociais revelaram que 65,93% das mulheres não haviam concluído oito anos de escolaridade (correspondente ao ensino fundamental), 30,43% completaram este ciclo e apenas 3,64% haviam concluído 12 anos de escolaridade (correspondente ao nível médio). A baixa escolaridade provavelmente está refletida na ocupação destas mulheres. Assim, 69% eram do lar e 5% declararam-se como trabalhadoras domésticas. No quesito idade, verificouse que 57,77% das mulheres submeteram-se à laqueadura tubária entre 25 e 30 anos. Aos 34 anos, 91,41% da amostra estava esterilizada. Apenas 7,54% submeteram-se à laqueadura tubária antes dos 20 anos, o que destoa de outras pesquisas nacionais. Dentre as mulheres laqueadas, 64,6% eram solteiras, 16,8% eram casadas e 14,2 viviam em união consensual. Quanto à procedência, 86% eram da área urbana, 11,5% eram da área rural, e apenas 2,5% eram de outros municípios. Os aspectos reprodutivos foram analisados segundo o conceito dos direitos reprodutivos, que incluem quando ter filhos, quantos ter e qual o intervalo entre eles. Quanto à idade por ocasião do primeiro parto, verificou-se que ela ocorreu com menos de 20 anos para 70,77% das mulheres, entre 20 e 24 anos para outros 23,83%, e apenas 5,37% tiveram o primeiro parto com 25 anos ou mais. O número de filhos revelou-se muito acima da média nacional e mesmo da região norte que é a maior por região do Brasil (PNDS, 2006). Dentre as participantes do estudo, 29,41% das mulheres tinham três filhos, 48,85% tinham quatro ou mais filhos, 21,41% tinham apenas dois e 0,46% tinham apenas um filho quando foram esterilizadas. A análise do intervalo entre os partos revelou este foi menor que 24 meses para 28,17% das ocorrências, 25,53% dos partos ocorreram com intervalo entre 24 e 35 meses e 21,01% foi maior do que 60 meses. A exceção do intervalo inferior aos 24 meses, os demais estão de acordo com o recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Foram encontrados para o grupo estudado baixos níveis de escolaridade e idade por ocasião do primeiro parto em relação ao número de filhos vivos e à idade por ocasião da realização da Laqueadura Tubária Podemos concluir com base nos resultados, que os aspectos sócioreprodutivos da amostra investigada apontam para uma condição de vulnerabilidade social grave com indicadores mais desfavoráveis que a média da Região Norte, que por sua vez, já são bastante desfavoráveis em relação a outras regiões do país.

ASSUNTO(S)

tubal ligation reproductive rights laqueadura tubária family planning planejamento familiar direitos reprodutivos ciencias da saude

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