Aspectos morfoanatômicos e fisiológicos de folhas de sol e de sombra de Lithraea molleoides (Vell.) Engl. (Anacardiaceae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Face à heterogeneidade dos estratos arbóreos, plantas de florestas tropicais apresentam mudanças estruturais e fisiológicas significativas em resposta às diferentes condições de luminosidade. Adaptações de folhas de um mesmo indivíduo às diferentes intensidades luminosas, constituem a base da diferenciação entre folhas de sol e folhas de sombra e estão associadas a características morfoanatômicas e fisiológicas distintas. O objetivo deste estudo foi comparar a morfoanatomia e a fisiologia de folhas de sol e de sombra de um único indivíduo de Lithraea molleoides (Vell.) Engl. (Anacardiaceae). O indivíduo se encontra no Parque Ecológico da Klabin, Fazenda Monte Alegre, pertencente ao município de Telêmaco Borba- PR, segundo planalto paranaense. L. molleoides é uma espécie arbórea nativa, heliófita, pioneira, conhecida vulgarmente como aroeira-branca; ocorre naturalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul. Apresenta folhas compostas alternas, imparipinadas, aladopecioladas. Para os estudos morfológicos foram coletadas sete folhas da porção superior periférica do indivíduo (folhas de sol) e sete da porção inferior interna, protegida do sol (folhas de sombra). As áreas foliolares e foliares foram obtidas com o auxílio do aparelho ÁREA METER, Li-Cor. Secções transversais de folíolos e pecíolos foram obtidas em micrótomo de mesa para a preparação de lâminas permanentes, conforme metodologia usual e todas as medidas histológicas foram obtidas com o auxílio do software Image Pro-Plus. A área foliar de sol foi 56,6% menor que a área foliar de sombra não apresentando diferenças em relação ao número de folíolos por folha. A face adaxial da epiderme de folíolos de sol foi 22,2% mais espessa que a face adaxial dos folíolos de sombra, não havendo diferença na espessura da face abaxial da epiderme. A espessura cuticular da epiderme, tanto na face adaxial como na face abaxial, apresentou-se maior em folíolos de sol, bem como a espessura de parênquima paliçádico e lacunoso. O número de estômatos, por unidade de área, foi maior nos folíolos de sol, não havendo diferença em relação ao diâmetro. O diâmetro e o número dos elementos traqueais não foram diferentes. A diferença anatômica dos tecidos peciolares ocorreu apenas na espessura do parênquima cortical, maior em folhas de sol e feixes vasculares, mais espessos em folhas de sombra. Para os estudos fisiológicos foram coletadas dez folhas de cada porção da árvore. O equipamento utilizado para as medidas de taxa fotossintética, condutância estomática, taxa transpiratória e concentração intercelular de CO2 foi o Portable Photosyntesis System, a extração de clorofila seguiu a metodologia de Arnon e as análises de nutrientes foram realizadas de acordo com a metodologia do laboratório de análises da EMBRAPA Soja, Londrina- PR. A taxa fotossintética, razão clorofila a/ clorofila b, condutância estomática, concentração intercelular de CO2 e conteúdo de Ca e Mg foram os mesmos para as folhas de sol e sombra, diferindo-se quanto aos teores de clorofila, taxa transpiratória e demais conteúdo de nutrientes, que foram maiores em folhas de sombra. Os resultados indicam que as folhas de sol apresentam adaptações que dificultam a perda de água nos períodos desfavoráveis aumentando a eficiência no uso da água. As folhas de sombra apresentam maior área foliar e maiores teores de clorofilas, cutícula e face adaxial da epiderme menos espessas, maior área das lacunas do parênquima lacunoso em relação à área do próprio parênquima para aproveitar a energia luminosa incidente na porção inferior interna da árvore.

ASSUNTO(S)

fisiologia vegetal anacardiaceae anacardiaceae plant morphology plant physiology botany morfologia vegetal anatomia vegetal botânica lithraea molleoides vegetable anatomy aroeoira branca botany

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