Aspectos da biologia floral de especies de Arrabidaea e Jacaranda, no Municipio de Botucatu, SP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1983

RESUMO

No presente trabalho, realizado no período compreendido entre agosto de 1978 a dezembro de 1981, foram estudados aspectos de biologiafloral de cinco espécies de Bigno­nlaceae Arrabidaea brachypoda (DC) BOR., Arrabidaea samydoides (CHAM.) SANDW., Arrabidaea -trip ZinerviaH.BAILL,Jacarandá decurrens CHAM. e Jacaranda oxyphyZZa CHAM., que ocorrem no município de Botucatu.As espécies de Bignoniaceae estudadas apresentam flores do tipo goela, com simetria zigomorfa e plataforma de pouso muito evidente. Exceto J. decurrens, a qual possui flores azuais, a cor das demais espécies é basicamente purpurea. As flores das espécies de Arrabidaea estudadas apresentam ântese diurna, produzem néctar em quantidade e odor agradável e intenso. As de Jacaranda apresentam ântese diurna, possuem nec­tar em pequena quantidade e odor agradável porém, pouco intenso e apesar destas diferenças, as características encontradas nas flores de Arrabidaea e Jacaranda podem ser atributos de flores melitófilas. Consideradas As espécies A. brachypodas A. samydoides eJ. oxyphyZZa são auto-compatíveis e J. decurrens, possivelmente auto-incompatível. As flores de todas estas espécies apresentam estratégias que impedem, até certo ponto, a auto-polinização (autogamia e geitonogamia). Assim, estas flores reprodu­zem-se, predominantemente, por xenogamia. As espécies estudadas de Bignoniaceae são visi­tadas por diversas espécies de abelhas com as quais mantém alterações cooperativas e/ou antagonísticas. Baseando-se nestas interações, os visitantes são categorizados em polinizadores efetivos, ocasionais e/ou pilhadores de néctar e/ou polem. Os polinizadores efetivos são abelhas de porte médio (10-20 mm compr.) e grande (maior que 20 mm compr.) per­tencentes, principalmente, à família Apidae, as quais apresen­tam adequações estruturais e comportamentais em relação às características florais das espécies estudadas. Estas abelhas possuem língua comprida e realizam visitas legítimas para retirarem o néctar armazenado na "câmara nectarífera". O corpo destes visitantes preenche completamente o tubo floral das espécies de Bignoniaceae estudadas a polinização é nototríbica. Sugerido que o estaminódio das flores de J. decurrens e J.oxyphyZZa serve para reter polem na corola e favorece a polinização por representar urna fonte extra de polem. O papel de abelhas de pequeno porte (menor que 10 mm compr.), das famílias Apidae, e/ou Halictidae, corno polinizadoras ocasionais, é discutido. No entanto, estas abelhas são consideradas visitantes prejudiciais, principalmente corno pilhadoras de polem. Corno polinizadoras ocasionais, estas abelhas promovem especialmente a autogamia e a geitonogamia. Abelhas Xylocopa spp. e Oxaea flavescens que realizam visitas ilegítimas às flores das espécies estudadas, onde perfuram a base da corola e retiram o néctar, são pilhadores de néctar. A intensidade de visita destas abelhas nas es­pécies de Arrabidaea evidencia que suas flores mostram diferentes graus de adaptação contra o "roubo" de néctar. Sob esse enfoque, A. triplinervia teria flores mais protegidas, seguido em ordem decrescente, de A. brachypoda e A. samydoides. Todas as espécies de Bignoniaceae estudadas ocu­pam areas perturbadas dentro da vegetação e, nestas condições, apresentam alta densidade populacional, flores cimento do tipo steady state (estado sustentado) e se beneficiam da atividade de polinizadores de comportamento oportunístico. Muitas caracterÍsticas das espécies estudadas sugerem, no entanto que, em condições de vegetação mais estabilizada, as plantas apresentariam baixa densidade populacional, florescimento do tipo steady state e se beneficiariam de um sistema de polinização do tipo trap-line (coleta em rota)

ASSUNTO(S)

polinização plantas - fertilização flores - botucatu (sp)

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