Aspectos adaptativos dos processos digestivo e metabólico de juvenis de pintado (Pseudoplatystoma corruscans) arraçoados com diferentes níveis de proteína e energia.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O crescimento é reflexo das interações metabólicas dependentes dos ajustes conseqüentes ao estado nutricional. O pintado, Psuedoplatystoma corruscans, é um Siluriforme carnívoro que, pela qualidade da sua carne e esportividade na pesca, apresenta amplo potencial para a aqüicultura, mas sua tecnologia de produção ainda é incipiente. O presente trabalho teve como objetivo o estudo dos aspectos adaptativos dos processos digestivos, metabólicos e da morfologia do intestino de juvenis de pintado, submetidos a variações nos teores de proteína e energia da dieta. Para a investigação das enzimas digestivas e metabolismo intermediário, os animais foram submetidos a dietas isoenergéticas (4.000 kcal EB/kg) com diferentes teores de proteína bruta (20, 30, 40 e 50%); mesmos tratamentos utilizados para as análises histológicas no intestino. Na segunda etapa, os peixes foram submetidos a dietas isoprotéicas (31,5% PB) com variação no teor de energia bruta (3.500, 3.850, 4.200 e 4.550 kcal EB/kg). Os extratos enzimáticos do estômago, intestino anterior, médio e posterior foram utilizados na determinação das atividades de protease inespecífica, tripsina, quimiotripsina, amilase e lipase. O sangue foi utilizado nas determinações hematimétricas. O plasma e as amostras de fígado, músculo branco e rim foram usados na quantificação de glicose, lactato, piruvato, amônia, uréia (extratos ácidos), aminoácidos livres, triglicerídeos, ácidos graxos livres (extratos neutros), glicogênio, proteína total (extratos alcalinos), e da atividade das enzimas GDH e arginase. A melhor porcentagem de ganho de peso foi apresentada pelos animais arraçoados com 40% PB, seguidos pelos grupos que receberam 30, 50 e 20% PB na dieta, respectivamente. Os peixes arraçoados com o menor teor energético, 3.500 kcal EB/kg apresentaram ganho de peso muito superior aos demais. Em função da quantificação dos metabólitos e seu reflexo no desempenho produtivo, verificou-se que tanto a carência como o excesso de proteína na dieta é extremamente prejudicial ao metabolismo de pintado. A menor quantidade (20% PB) provavelmente não atendeu às exigências em aminoácidos essenciais, e a maior (50% PB) conduziu a rearranjos metabólicos de um quadro gliconeogênico, para manutenção da glicemia e suportar a demanda energética. O excesso de energia na dieta provavelmente levou à diminuição da ingestão alimentar conduzindo ao consumo de suas reservas gliconeogênicas e depreciando o crescimento. As maiores atividades proteolíticas foram observadas no estômago, onde também foram observadas atividades lipolítica e amilohidrolítica, destacando o papel desta estrutura no processo digestivo da espécie. As proteases praticamente não foram responsivas aos teores de proteína na dieta, e só apresentaram-se aumentadas em função do aporte energético das dietas isoprotéicas na tentativa de suprir suas necessidades em aminoácidos essenciais. Este quadro sugere que estas enzimas sejam de caráter constitutivo, possibilitando à espécie o melhor aproveitamento da proteína, independente da sua quantidade na dieta. A lipase também esboçou um caráter constitutivo, variando apenas em função do consumo alimentar, não respondendo à variação do conteúdo de lipídeos na dieta. A amilase, embora com atividades inferiores àquelas apresentadas pelos peixes onívoros ou herbívoros, apresentou-se como uma enzima indutiva, respondendo à variação do conteúdo de amido na dieta, e não ao de glicogênio, como proposto para peixes carnívoros. Considerando as baixas atividades enzimáticas e a pouca extensão do intestino, supõe-se que seu papel esteja direcionado para a absorção de nutrientes, hipótese reforçada pelas análises histológicas que evidenciaram respostas adaptativas morfológicas em função da quantidade de PB na dieta, aumentando o número de células produtoras de muco, altura das vilosidades intestinais e da espessura da túnica muscular no sentido de intensificar a motilidade das vilosidades intestinais, otimizando os processos absortivos. Em função da grande variação nutricional ensaiada assume-se que a otimização da alimentação para o pintado ainda está na dependência da melhor razão entre proteína, energia e carboidratos na dieta.

ASSUNTO(S)

pseudoplatystoma corruscans morfologia nutrição de peixes bioquímica adaptativa bioquimica metabolismo enzimas digestivas bioquímica aqüicultura

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