As relações sociais e as funções das mulheres idosas da Vila Fátima na constelação familiar atual

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Entre as preocupações e os estudos sobre o processo de envelhecimento, existe uma área que tem recebido grande atenção: a “feminização da velhice”. As mulheres possuem uma maior expectativa de vida, com isso, as projeções para o futuro apontam para um crescimento da população idosa feminina e um relativo decréscimo da masculina. Esses índices não apenas destacam uma superioridade numérica das mulheres na velhice, mas nos fazem refletir sobre as necessidades de conhecer e contemplar esse maior segmento da população idosa nacional. O presente estudo foi desenvolvido num contexto de famílias urbanas de um bairro de classe popular da cidade de Porto Alegre, a Vila Fátima, e teve como objetivo principal analisar as funções que as mulheres idosas deste bairro estão desempenhando hoje em suas famílias. Os objetivos secundários foram: o levantamento do perfil socioeconômico das famílias deste bairro; a análise da estrutura familiar e da rede social de apoio das famílias; e a compreensão da percepção que a mulher idosa tem de si mesma dentro de sua família e na comunidade onde vive. Participaram do estudo nove mulheres, com idades entre 66 e 93 anos, moradoras da Vila Fátima, integrantes do Grupo de Terceira Idade do Centro de Extensão Universitária da PUC-RS. Nesta pesquisa, de cunho qualitativo e caráter etnográfico, utilizaram-se como instrumentos de coleta de dados: entrevistas com perguntas abertas, gravadas e posteriormente transcritas, que foram realizadas no próprio domicílio das participantes; um diário de campo e anotações sobre o Grupo de Terceira Idade. O estudo mostrou que o processo de adoecimento crônico, a prisão ou a perda precoce do companheiro, seja por morte ou por separação, levou sete entre as nove entrevistadas a constituir unidades-mãe-filhos e a assumir o papel de provedoras de seus lares. Os vizinhos, as creches locais e o posto de saúde formam a rede social de apoio na comunidade. Com o envelhecimento, algumas delas continuaram a viver na forma de unidade-mãe-filhos, e outras passaram a constituir unidade-mãe-filhos-netos. Elas continuaram a desempenhar um papel central no funcionamento de suas famílias e sustento de suas casas. Muitas das idosas assumiram a responsabilidade de criar e educar seus netos e bisnetos. A sua principal fonte de suporte social hoje são seus filhos. A coresidência é uma realidade muito presente nesse contexto. Ela tem gerado um aumento da taxa de escolarização, uma redução do trabalho infantil e proporcionado trocas intensas e prolongadas entre as gerações. As trocas de carinho, o diálogo aberto com os netos e a disponibilidade de estar presente e ser uma referência são características marcantes nos discursos das idosas. A relação afetiva firmada com as gerações mais jovens possibilita aos idosos uma releitura crítica de suas trajetórias pessoais e a construção de um novo sentido de vida.

ASSUNTO(S)

mulher senior women pessoa idosa aging educação social relations in urban outskirts lower income families família relações familiares exchange between generations gênero envelhecimento

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