As privatizações e a viabilização do territorio com recurso

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A internacionalização do território brasileiro se intensifica no atual período histórico, convivendo contraditoriamente com as potencialidades e perversidades da globalização. A alienação de empresas estatais brasileiras de telecomunicações ocorrida nas últimas décadas fundamenta uma reflexão que objetiva discutir o incentivo estatal aos usos corporativos do território brasileiro, concomitantemente ao abandono do território como abrigo. Propomos que a privatização de empresas não é uma política setorial, mas uma ação nacional vinculada a interesses internacionais que impõem a todo o território um projeto de alteração da realidade, devendo ser apreendida simultaneamente em sua dimensão técnica e política. A partir da primeira discute-se a organização do território e a transferência das redes estatais às empresas privadas. Já no seu aspecto político, trata- se de discutir as mudanças normativas implementadas pelo Estado no território nacional. No entanto, a alienação das empresas incluiu um artifício também fundamental, que foi a criação de uma psicoesfera que disseminou os ideários que convenciam que a privatização era a única escolha possível, o melhor projeto para todo o território. Assim, partimos do espaço geográfico como totalidade, ou seja, como a indissociabilidade de objetos e ações, permitindo a constituição de uma visão crítica ao discurso hegemônico da privatização. Trata-se, finalmente, de discutir a própria privatização do território, ou seja, sua organização, regulação e uso solidarizados para promover o benefício da reprodução do capital, coroando uma política pública direcionada às empresas e esquecida das necessidades da totalidade dos lugares, que incorpora o território como um recurso, e não como abrigo. A privatização é imposta como um modelo para toda a sociedade a partir dos interesses da reprodução do capital. Mas, como o território não é um dado inerte da vida, tal projeto tem que se ver com as dinâmicas de todos os agentes usando o território. Dessa relação dialética resultam sucessivas crises que, combinando as possibilidades do período, podem caminhar tanto para um rearranjo das estruturas hegemônicas como também podem dar existência a outros projetos possíveis, que surjam das necessidades da vida e que se fundamentem não no capital, mas na Política, a partir do respeito ao território usado

ASSUNTO(S)

territorio nacional - brasil privatização politicas publicas geografia politica

Documentos Relacionados