As práticas preventivas para o câncer de mama, do colo de útero e da próstata em município do Estado de São Pauo, Brasil : um olhar sobre a equidade / Preventive practices breast, uterine and prostate cancer in municipalities in the state of São Paulo, Brazil : a view of equity

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Justificativa: O câncer de mama, do colo de útero e de próstata são neoplasias importantes na incidência e na mortalidade no Brasil e são agravos que dispõem de métodos de rastreamento para detecção precoce oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Existe a necessidade de se identificar os grupos de mulheres e de homens que não realizam os exames de detecção precoce para esses agravos, como forma de implementar as estratégias para captação desses indivíduos visando minimizar as desigualdades sociais ainda existentes em relação ao acesso aos serviços de saúde. Objetivos: Analisar as práticas de detecção precoce para o câncer de mama, do colo uterino e de próstata, segundo características sociodemográficas, filiação a planos privados de saúde, morbidade e comportamentos relacionados à saúde. Material e Métodos: Estudo do tipo transversal, de base populacional, que teve como população de estudo todos os indivíduos do sexo feminino com idade de 20 a 69 anos residentes no município de Campinas, participantes do ISACAMP 2008/2009 e homens com idade superior a 50 anos residentes nos municípios de Campinas, Botucatu, Taboão da Serra, Embu e o distrito do Butantã em São Paulo, participantes do ISA-SP 2002/2003. Para a obtenção da amostra, os setores censitários dos municípios, foram agrupados em três estratos, segundo o percentual de chefes de família com nível universitário. Foram sorteados 10 setores censitários de cada estrato, e de cada setor censitário foram sorteados os domicílios e selecionados os indivíduos que seriam entrevistados, segundo os domínios de sexo e idade. As informações foram obtidas por meio de questionário estruturado em blocos temáticos, com a maioria das questões fechadas, aplicado diretamente à pessoa sorteada. O presente estudo incluiu 992 homens com 50 anos ou mais, 696 mulheres de 40 a 69 anos e 508 mulheres de 20 a 59 anos. Foram incluídos na análise dois grupos de variáveis: as independentes compostas por variáveis sociodemográficas, filiação a plano privado de saúde, comportamentos relacionados à saúde e estado da saúde e as dependentes, referentes à realização das práticas preventivas para a detecção do câncer de mama, do colo de útero e da próstata. Para as análises estatísticas foi utilizado os programas STATA 9 e STATA 11.0, que possibilitou levar em consideração as variáveis do plano de amostragem e o efeito de delineamento. As análises bivariadas incluíram estimativas de prevalência e intervalos confiança de 95% (IC) e modelos de regressão logística múltipla de Poisson. Resultados: O presente estudo verificou que 44,4% (IC 95%: 37,3-51,7) da população estudada dos homens de 50 anos ou mais, nunca haviam realizado exame preventivo para o câncer de próstata. Dos homens que referiram ter realizado exames de detecção do câncer de próstata (55,6%) o toque retal foi referido por 61,8%, o PSA por 73,2%, a ultra-sonografia por 28,2% e a biópsia por 7,3%. Dentre os homens que referiram ter realizado algum exame, 49,7% o haviam feito no ano que antecedeu a entrevista, 23% entre um a dois anos, 10% entre dois a três anos e 17% quatro anos ou mais antes da entrevista; Dos exames realizados, 41% foram financiados SUS. Os resultados da análise de regressão múltipla de Poisson apontam que a não realização dos exames preventivos para o câncer de próstata foi significativamente mais freqüente nos homens com menos de 70 anos, menor escolaridade, de menor renda familiar per capita, que não apresentam Diabetes Mellitus, que referiram algum tipo de deficiência visual e que não fizeram consulta odontológica no ano que antecedeu a entrevista. Em relação à realização da mamografia o presente estudo mostrou que das mulheres de 40 a 69 anos residentes no município de Campinas 47,7 % (IC95% 39,1-56,5) relataram filiação a planos privados de saúde e que 64,2% das mulheres realizaram a mamografia nos dois anos que antecederam a entrevista. O principal motivo apresentado para a realização da a mamografia foi realizá-la como procedimento de rotina sem a presença de queixas ou sintomas. Para as mulheres que nunca realizaram a mamografia o motivo mais alegado foi achar que a realização do exame não é um procedimento necessário s ser feito. Não ter o conhecimento do resultado do exame mostrou-se mais prevalente nas mulheres SUS dependente em relação as que têm plano privado de saúde. Das mamografias realizadas, 49,3 % foram financiadas pelo SUS e 50,7% pelos planos privados de saúde. A análise de regressão múltipla hierarquizada de Poisson revelou que persistiram significantes as variáveis: renda e plano privado de saúde, na 1ª etapa atividade física no lazer, diabetes mellitus e a consulta odontológica na 2ª etapa. Quanto a realização da citologia oncótica 46,4% (IC95% 34,1-59,2) das mulheres de 20 a 59 anos são filiadas a planos privados de saúde e que 86,2% (IC 95% 82,6-89,1) das mulheres entre 20 a 59 anos residentes no município de Campinas fizeram o exame nos últimos 3 anos, não sendo observada diferença na realização do Papanicolaou entre as mulheres que tem e as que não tem plano privado de saúde. Apenas 6,8% das mulheres entrevistadas referiram nunca ter realizado o Papanicolaou. O principal motivo alegado para a realização do exame foi fazê-lo como exame de rotina (92,8%). Já o principal motivo referido pelas mulheres que nunca fizeram o exame foi de acharem não ser um exame necessário. Quanto ao resultado do exame somente 4,5% não sabiam do resultado do último exame. Das citologias oncóticas realizadas, 55,7 % foram financiadas pelo SUS e 44,3% por planos privados de saúde. Não foi observada a associação entre as variáveis sócio-demográficas, de filiação a planos privados de saúde, de comportamento de saúde, morbidade e a realização da citologia oncótica nos três anos que antecederam a entrevista. Conclusão: Esse estudo mostrou importantes desigualdades socioeconômicas na realização do PSA, a presença da eqüidade na realização da citologia oncótica entre as mulheres de 20 a 59 anos residentes filiadas a planos privados de saúde e as SUS dependentes. Também apontou a existência de desigualdades, na realização da mamografia, entre das mulheres de 40 a 69 mostrando que as filiadas a planos privados de saúde realizam mais o exame do que as SUS dependentes. Quanto ao acesso na realização do Papanicolaou observou-se a existência da equidade apontando para a possibilidade de que o mesmo possa ocorrer em relação as outras praticas de saúde. Estratégias que garantam a equidade no acesso necessitam serem desenvolvidas com o objetivo de minimizar as desigualdades na realização da mamografia e do PSA e da integralidade das ações pertinentes às políticas nacionais da saúde do homem e da mulher

ASSUNTO(S)

cancer mammography antígeno prostático específico papanicolaou pap smear prostate-specific antigen mamografia prevenção women s health neoplas prevention saúde da mulher

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