Aprender na prática: narrativas e histórias de lideranças camponesas, no sertão, norte de Minas, nas últimas três décadas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/02/2011

RESUMO

Este trabalho busca compreender e analisar a prática social de lideranças camponesas como locus de aprendizagens, saberes e valores que orientam a ação coletiva e constituem identidades políticas, manifestadas em suas trajetórias de engajamento social, no Sertão, Norte de Minas Gerais, nas últimas três décadas (séculos XX e XXI). Toma-se, assim, a prática social como dimensão formadora, complexa e inerente à vida social, e os movimentos e organizações sociais, como espaço e locus de formação humana, na prática, como definida por Jean Lave e Etienne Wenger (1991). Para realizar esta pesquisa, foram entrevistadas 13 lideranças, homens e mulheres, com idades entre 33 e 68 anos, envolvidas desde a década de 80 em movimentos sociais de luta por terra e direitos fundamentais. Suas narrativas abordam seus itinerários de vida, trabalho e formação na luta. Eles reconhecem nos movimentos sociais uma dimensão pedagógica e um princípio educativo que se desenvolve no próprio processo de experiências vividas na prática cotidiana. São lideranças camponesas pouco escolarizadas ou não escolarizadas, que produzem um saber prático, válido e útil à vida. Suas trajetórias políticas, que se iniciam na atuação em atividades comunitárias ou escolares e no ideário da Teologia da Libertação, ganharam visibilidade no novo sindicalismo da década de 80 e, mais recentemente, vêm se expressando em novas formas de luta pela terra e defesa de princípios ecológicos. Quando se auto-denominam como lavradores, geraizeiros, Sem Terra, habitantes de territórios de reforma agrária, agricultores familiares, guardiões do cerrado, camponeses, conhecedores populares, sindicalistas e ambientalistas, eles indicam o entrecruzamento intrincado de identidades, papéis sociais e práticas políticas, que marcam as histórias pessoais e as transformações coletivas econômicas, políticas e culturais - produzindo um patrimônio de experiências, valores e saberes eco-sociais, que vão se formando, se transformando e se incorporando às trajetórias pessoais e sociais a cada geração de lideranças e no conjunto das lutas sociais. Trata-se de um entrecruzamento indissociável da experiência do tempo vivido e do pertencimento ao lugar: de identidade política e identidade territorial. Eles nos apresentam uma visão do conhecimento que se assenta na localidade e no senso comum, além de ser orientada para a prática. Baseando-nos na antropologia da aprendizagem, nas teorias sócio-culturais - da atividade situada ou aprendizagem na prática como definida por Jean Lave e na visão crítica dos pós-colonialistas, como Boaventura Souza Santos e Arturo Escobar temos como objetivo contribuir para legitimar essas práticas e saberes sociais, assim questionando a monocultura do saber da ciência ocidental e do colonialismo do poder.

ASSUNTO(S)

educação  teses aprendizagem  aspectos sociais.  teses  movimentos sociais rurais minas gerais, norte.  teses 

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