Analise funcional discriminativa em dislexia do desenvolvimento

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Esta tese teve por objetivos avaliar e analisar através de provas neuropsicológicas, pedagógicas e exames complementares, crianças com possível diagnóstico de Dislexia do Desenvolvimento. Participaram como sujeitos 47 crianças, sendo 27 controles (sem dificuldades de aprendizagem) e 20 experimentais, com idade entre 8 e 13 anos, alunos de 23 série do 10grau de escola da rede pública da região de Campinas, SP. A coleta de dados se deu no HCIUNICAMP para os sujeitos do grupo experimental (GE) e em escolas públicas para os sujeitos do grupo controle (GC). Os materiais empregados consistiram de testes formais e materiais acadêmicos de uso diverso. O procedimento constou de 4 etapas: 1) Entrevista com os pais (anamnese); 2) Avaliação neuropsicológica; 3) Avaliação específica para leitura; 4) Exames complementares. Os resultados obtidos revelaram que as crianças dos dois grupos apresentavam potencial intelectual normal, ausência de déficits sensoriais e desordens neurológicas que comprometessem o aprendizado mas, diferença significativa de desempenho entre os mesmos. Prejuízos lingüísticos e cognitivos foram encontrados no GE, principalmente em linguagem receptiva e expressiva, memória de curto prazo auditiva e visual, déficits na consciência fonológica e habilidades acadêmicas, principalmente leitura e escrita. Os exames complementares audiométrico e oftalmológico foram fundamentais para excluir déficits sensorial auditivo e visual, respectivamente. O exame neurológico indicou sinais leves de alterações neurológicas, e, o SPECT revelou hipoperfusão da porção mesial do lobo temporal esquerdo em 47% dos disléxicos. A análise funcional dos resultados obtidos parece indicar que os déficits encontrados são de origem constitucional, que por sua vez contribuíram para alterações no desenvolvimento perceptual auditivo, conseqüentemente com prejuízo nas aquisições lingüísticas, resultando em comprometimento do desenvolvimento cognitivo que alterou as aquisições das habilidades alfabéticas que culminaram nas dificuldades de leitura escrita. Futuras pesquisas deverão ser conduzidas empregando-se outras técnicas de neuroimagem (RM, PET) para comparar com os resultados obtidos com o SPECT, bem como realizar potenciais evocados auditivos para avaliar a área auditiva do lóbulo temporal. Estudos genéticos podem vir a ser desenvolvidos em parceria com a Neuropsicologia, com o objetivo de delinear os determinantes genéticos e não genéticos dos substratos neurológicos envolvidos na leitura. Estudos longitudinais da estrutura e funcionamento do cérebro no desenvolvimento normal e patológico serão necessários para determinar se as diferenças individuais vistas nos estados disfuncionais são causa ou consequência do distúrbio

ASSUNTO(S)

disturbios da aprendizagem neuropsicologia

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