Analise de mutações no gene MECP2 em uma amostra de pacientes do sexo feminino afetadas pela síndrome de Rett na população brasileira / Analysis of mutations in the MECP2 gene in a sample of female patients affected by Rett syndrome in the Brazilian population

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/01/2009

RESUMO

A síndrome de Rett (SR) é uma doença neurológica com herança dominante ligada ao X, com incidência estimada de 1:10.00015.000 em nascidos vivos do sexo feminino. Clinicamente caracterizada pelo progressivo comprometimento neuromotor após um período de desenvolvimento aparentemente normal, a SR está associada a mutações no gene MECP2, alocado em Xq28. Neste estudo foi realizada a análise mutacional do gene MECP2 em 80 pacientes do sexo feminino clinicamente diagnosticadas como portadoras de SR, ou com forte suspeita clínica. A partir de amostras de ADN genômico foram amplificados pela técnica de PCR os éxons 2, 3 e 4 do gene, incluindo as regiões intrônicas flanqueadoras. A detecção de mutações foi realizada através de seqüenciamento direto. Nas pacientes positivas, foi realizada a análise do ADN materno para identificação de possíveis casos familiares. Para validação dos resultados, foram analisadas 100 amostras de ADN controle do sexo feminino. Os resultados foram comparados aos dados depositados em bancos de dados disponíveis na Internet. Foram detectadas 29 variantes em 49 (61,25%) das 80 pacientes analisadas. Das 49 pacientes positivas, 34 (69,39%) apresentam a forma clássica da SR e 15 (30,61%) apresentam formas atípicas. As variantes detectadas foram caracterizadas como 17 mutações patogênicas (5 mutações com mudança de sentido, 4 mutações sem sentido, 7 mutações com mudança no quadro de leitura e 1 deleção com conservação do quadro de leitura), 4 mutações silenciosas, 6 mutações intrônicas, 1 polimorfismo não-sinônimo e 1 mutação na região 3 UTR. Das variantes detectadas, 18 são previamente descritas e incluem 11 mutações patogênicas e sete polimorfismos. Outras 11 variantes detectadas não constam nos bancos de dados consultados e incluem seis mutações supostamente patogênicas, uma mutação silenciosa, três mutações intrônicas e uma mutação na região 3 UTR. As mutações patogênicas mais freqüentes detectadas na amostra estudada foram g.66307C>T (p.R133C), g.66383C>T (p.T158M), g.66412C>T (p.R168X), g.66673C>T (p.R255X), g.66718C>T (p.R270X) e g.66790C>T (p.R294X), que ocorrem em hot spots em outras populações. A detecção de variantes no MECP2 ausentes nas amostras controles estudadas e não registradas nos bancos de dados consultados sugere que as pacientes com síndrome de Rett na população brasileira podem apresentar diferenças significativas quanto ao espectro mutacional. A não detecção de mutações patogênicas no ADN materno comprovou a baixa freqüência de casos familiares na SR. Embora seja considerada uma das principais causas de retardo mental no sexo feminino, os estudos sobre a SR no Brasil ainda são restritos. Por este motivo, o cruzamento de dados moleculares, clínicos e epidemiológicos é de fundamental importância para analisar o perfil das pacientes brasileiras de SR. Isto permite traçar estratégias de tratamento e reabilitação mais adequadas para a melhoria na qualidade de vida destas pacientes.

ASSUNTO(S)

retardo mental análise de dados pacientes feminino genetica humana e medica rett syndrome mental retardation data analysis patients female síndrome de rett

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