Analisando significados de capas da revista Raça Brasil: um estudo de caso à luz da semiótica social
AUTOR(ES)
Viviane Seabra Pinheiro
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
No contexto brasileiro, tem havido um crescente interesse pelo uso do arcabouço descritivo da gramática do design visual (KRESS e VAN LEEUWEN, 1996) como método de análise eficaz para uma abordagem semiótica social, especialmente quando se trata de sua conjugação com o instrumental da gramática sistêmico-funcional (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2004) (BIAVATI e MAGALHÃES, 2003; HEBERLE, 2004; FELIPE, 2006; SANTANA, 2006; dentre outros). O presente trabalho busca contribuir para a interface entre essas gramáticas e para o desenvolvimento dessa abordagem no contexto brasileiro, a partir da análise da capa das edições de novembro de 1996, 1998, 2004 e 2006 da revista Raça Brasil, uma publicação direcionada ao público negro. Utilizando ferramentas analíticas das referidas gramáticas, o principal objetivo desta pesquisa é analisar os significados representacionais, interativos e composicionais construídos pelo componente visual, bem como os significados ideacionais da chamada mais saliente e daquela referente à imagem da capa e investigar a relação entre esses significados e a noção de consciência negra. Realiza-se uma comparação entre os significados construídos por meio dos modos semióticos visual e verbal nas capas do corpus e investiga-se a existência de mudanças discursivas nas edições e/ou nos períodos analisados. A análise aponta para ambivalência da publicação, a qual se manifesta em vários sentidos. Verifica-se um movimento por parte da revista no sentido de promover/fortalecer a consciência negra dos leitores, por meio, principalmente, do estímulo à sua auto-estima, ao mesmo tempo em que se observa que as representações construídas muitas vezes evocam discursos preconceituosos, que são assimilados e reproduzidos. Além disso, é possível notar que, paralelamente à postura politizada da revista, caminha o interesse mercadológico, que parece determinar a construção do layout da capa e mesmo o conteúdo de determinadas chamadas. Por fim, as mudanças semióticas observadas suscitam as hipóteses de que, por um lado, a revista pode ter se consolidado como uma publicação dirigida aos negros e, por outro, pode ter expandido seu público-alvo, renunciando à segmentação deste quanto à raça.
ASSUNTO(S)
funcionalismo (lingüística) teses. semiótica aspectos sociais teses. negros na literatura teses. raça brasil (periódico) teses. periódicos brasileiros teses. discurso publicitário. semiótica e comunicação teses. comunicação de massa e linguagem teses. simbolismo na publicidade teses. sinais e símbolos na comunicação visual teses.
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ALDR-73HHJUDocumentos Relacionados
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