Alvaro Negromonte: modernidade, religião e educação - uma tentativa de aproximação do privado com o público na educação Brasileira

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Nosso trabalho quer realizar aproximações entre ciência e religião, modernidade e tradição, educação e ensino, focalizando a problemática nas décadas de 1920/1960, período que viveu Álvaro NEGROMONTE, o grande inspirador e objeto primeiro da pesquisa. Com a aproximação da modernidade e conseqüente separação Igreja/Estado no Brasil, de modo especial em Minas Gerais, houve grandes abalos e crises, bem como buscas expressivas no sentido de encontrar novos caminhos, que se fazem fazendo. NEGROMONTE, pastoralista como era, produziu extensa obra escrita sobre Religião e Catequese, buscando sempre a afirmação de um justo espaço para a atuação pública da Igreja Católica ( e da religião ) em uma conjuntura em que eram grandes as ameaças e forte o receio de que tudo, para alguns, parecia ter sido perdido. Uma guinada enorme acontece com a Igreja Católica à essa época. Leão XIII, com a Rerum Novarum, revendo posições antiquíssimas e já dialogando com as transformações que se verificavam na sociedade e na cultura, reforça o papel da Igreja de incentivadora do humano. Posicionando-se em favor do operariado emergente. Tanto esse Papa quanto, pouco depois, Pio XI, percebem as ameaças que vinham das mudanças provocadas pelo capitalismo industrial e as tensões e possibilidades que poderiam advir de um diálogo mais aberto entre a Igreja essas coisas novas trazidas pela modernidade. No Brasil, foi grande a repercussão do pensamento destes dois pontífices. Igualmente influente, em uma outra direção, foi a ênfase que Pio X deu à catequese infantil. Os efeitos das orientações deste Papa chegaram com especial força à jovem capital mineira, Belo Horizonte, que se tornou conhecida em todo o país devido ao seu movimento catequético. São fatos acontecidos no início do século XX que marcaram não só a orientação de vida e trabalho de NEGROMONTE como, em parte graças a ele, atravessaram os decênios seguintes e chegaram até o Concílio Vaticano II(1962-1965), e às Conferências Episcopais Latino Americanas de MEDELLIN (1968) e PUEBLA(1979).Foi graças a essas forças inovadoras que a Igreja iniciou uma caminhada nova de maior compromisso em direção às grandes questões sociais, e à valorização do homem na amplitude de seus direitos. No âmbito interno da Igreja há que destacar, além do trabalho mais estritamente catequético-teológico, a formação de um laicato adulto e atuante. No início de cada um desses processos, no cenário brasileiro, destacam-se a pessoa e a obra de NEGROMONTE. O título dado à Tese (Álvaro NEGROMONTE: Modernidade, Religião e Educação. Uma tentativa de aproximação entre o público e o privado, na educação brasileira ) pretende exatamente mapear e resgatar essa caminhada social e religiosa. Se campo imediato é o do contexto mineiro, mas a própria trajetória de vida de NEGROMONTE, nos levou a considerar também o horizonte mais amplo da situação brasileira e mundial. O fato de a educação ter se tornado, entre as duas guerras mundiais, um dos focos mais candentes de discussão política e ideológica em torno do modelo de Brasil a ser implementado como também a multiplicação dos atores e grupos em disputa, fez com que a Igreja concentrasse muito de sua atenção na questão da escola e do ensino, seja o público, seja o privado. Afinal foi nesse campo de atuação que ela plantou parte eminente de seus esforços de presença social na fase republicana. O ângulo histórico-filosófico que escolhemos é o do impacto da modernidade sobre a Igreja e seu projeto de presença na sociedade brasileira em processo de modernização. A Igreja tentava sair de uma fase de fechamento anti-modernista para outra de maior diálogo com um fenômeno de vastas proporções que viera para ficar. A questão dividia a alta cúpula eclesiástica e o clero. Cindia também os movimentos leigos incipientes aos quais Pio XI deu especial importância. A questão que se levantava no Brasil em que atuou o jovem NEGROMONTE discutia a possibilidade de um entendimento entre a Modernidade e a Religião no campo do ensino e da educação enquanto projeto nacional sob o controle do Estado mas aberto à sociedade civil. Debatia-se a possibilidade de alguma aproximação entre o público e o privado em um Brasil voltado para a modernidade. A tensão se estabelecia, polarizando e dividindo, o privado e o público, o estatal e o religioso, o coletivo e o individual. A situação era propícia a posições fundamentalistas fechadas ao diálogo e à mútua compreensão. O eu os esclesiásticos da época chamavam pejorativamente de laicismonão era algo abstrato. De maneira muito concreta a bandeira da escola pública, estatal, gratuita e aberta a todos trazia escondida em suas dobras a posição dos que desejavam alijar de vez a Igreja do cenário público. Em suma: era um contexto no qual não havia como ficar alheio ao confronto e às controvérsias entre as várias instâncias e instituições que lutavam por se impor e/ou sobreviver em meio ao permanente vendaval da modernidade. Essa a questão que NEGROMONTE enfrentou e à qual buscou dar resposta.

ASSUNTO(S)

religion teologia modernidade negromonte, alvaro -- 1901-1965 - critica e interpretacao religião public and private modernity educação education público e privado

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