Alterações oculares e imunohistoquímicas na conjuntiva e glândula lacrimal de pacientes submetidos ao transplante de medula óssea
AUTOR(ES)
Cunha, Rosana Nogueira Pires da, Campos, Mauro, Dulley, Frederico Luis, Rojas, Bianca, Foster, Charles Stephen
FONTE
Arquivos Brasileiros de Oftalmologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2003-01
RESUMO
OBJETIVOS: A glândula lacrimal e a conjuntiva são os tecidos oculares primariamente afetados pela doença enxerto-versus-hospedeiro (DEVH) crônica, e seu envolvimento clínico é caracterizado por ceratoconjuntivite seca (CCS). Os objetivos deste estudo foram os de avaliar a freqüência dos sintomas e sinais de CCS em pacientes submetidos ao transplante de medula óssea (TMO) e identificar a população celular por análise imuno-histoquímica de biópsias da conjuntiva e glândula lacrimal desses pacientes, correlacionando esses achados com o quadro clínico ocular. MÉTODOS: Quarenta e sete pacientes foram classificados em dois grupos: Grupo I, pacientes com DEVH ocular, submetidos ao TMO alogênico e Grupo II, pacientes sem DEVH ocular, submetidos ao TMO alogênico e autólogo. Exame ocular completo, incluindo testes clínicos da função lacrimal, e biópsias de conjuntiva e glândula lacrimal foram realizadas nos períodos pré e pós-transplante. Estudou-se a população celular, por meio de análise imuno-histoquímica das biópsias, utilizando um painel de anticorpos monoclonais. RESULTADOS: Dos 28 (82,4%) pacientes com DEVH crônica, 13 (46,4%) apresentaram DEVH ocular. Dos seis pacientes sem DEVH, um (16,7%) apresentou DEVH ocular. Nenhum paciente submetido a TMO autólogo apresentou DEVH ocular e 14 (41,2%) dos 34 pacientes com TMO alogênico desenvolveram DEVH ocular. Todos os pacientes com DEVH ocular (Grupo I) apresentaram sintomas e os mais freqüentes foram ardor, sensação de corpo estranho, visão borrada e secura ocular. O teste de rosa bengala foi um dos mais sensíveis e o exame biomicroscópico foi considerado muito útil na avaliação das alterações conjuntivais e corneanas, as quais estavam sempre presentes nos pacientes com DEVH ocular deste estudo. Na conjuntiva e na glândula lacrimal dos pacientes sem DEVH ocular não houve reação imunológica significante, concordando com os testes de função lacrimal. Houve aumento da população de linfócitos T, dos linfócitos T auxiliadores (Th/i) e linfócitos T supressores-citotóxicos (Ts/c) após o transplante na conjuntiva e glândula lacrimal de pacientes com DEVH ocular. CONCLUSÕES: Pacientes submetidos ao TMO alogênico podem desenvolver DEVH ocular, caracterizado por ceratoconjuntivite seca. O estudo imuno-histoquímico de biópsias da conjuntiva e glândula lacrimal desses pacientes sugere que esses tecidos são alvo de reação imunológica mediada pelos linfócitos T.
ASSUNTO(S)
imuno-histoquímica conjuntiva glândula lacrimal transplante de medula óssea doença enxerto-hospedeiro
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