AIDS e juventude na revista Veja :1999 A 2005

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

RESUMO Neste trabalho analisamos, a partir de uma perspectiva psicossocial, apoiados na Teoria das Representações Sociais, os discursos produzidos na mídia acerca da aids e em especial aqueles que de algum modo faziam referência aos adolescentes e jovens neste contexto. Entendemos que estes discursos são muito importantes na formação de crenças, valores e atitudes relacionados à aids e à adolescência/juventude, e, desta forma, acabam por dar sentido às práticas preventivas no cotidiano. Procuramos identificar como a revista VEJA, em tempos de efetiva distribuição gratuita de medicação anti-retroviral, fez circular e popularizou o conhecimento científico acerca da aids e da juventude no contexto da doença. Para tanto, estruturamos a pesquisa em dois estudos. No primeiro estudo - Aids na VEJA de 1999 a 2005 - todas as reportagens publicadas entre 1999 e 2005 que continham a palavra aids foram selecionadas e analisadas com auxílio do software ALCESTE (N=352). Verificamos que os discursos da revista acerca da aids estruturavam-se em três eixos, cada um deles apontando distintos elementos de representação. No primeiro eixo aspectos privados, íntimos, das pessoas soropositivas, são tornados públicos e a aids é abordada principalmente pelo seu caráter de doença sexual. Elementos de antigas representações são reavivados - a doença é novamente associada a comportamentos sexuais desviantes, de risco. No segundo eixo predominam os discursos de médicos e cientistas, e a revista cumpre o papel de tornar a epidemiologia e o tratamento da doença familiares às pessoas comuns. Foi a medicação anti-retroviral que permeou a ressignificação da aids como doença crônica, com a qual é possível viver, mas não muito bem. Por fim, no terceiro eixo, a aids é abordada como tema de política internacional e aspectos econômicos da doença são enfocados. A aids é significada como doença que nos países pobres, além de colocar em risco vidas humanas, compromete o desenvolvimento econômico e a coesão social. A doença é agora associada à pobreza, à ignorância. No estudo - Aids e Juventude na VEJA de 1999 a 2005 - introduzimos mais um parâmetro adolescência eliminando todas as reportagens que não continham pelo menos uma das seguintes palavras: juventude, jovem, jovens, adolescência, adolescente, ou adolescentes (N=152). As representações da aids encontradas no primeiro estudo, de algum modo, continuaram presentes no segundo estudo. Grande parte da informação relacionada aos jovens utilizou o discurso médico-científico enfatizando a necessidade da redução do comportamento de risco, em uma tentativa de favorecer o controle do comportamento sexual. Foram identificadas idéias de imaturidade e irresponsabilidade na representação dos jovens no contexto da aids, qualificando-os como sujeitos incapazes de se prevenir.

ASSUNTO(S)

youth juventude aids representações sociais psicologia media aids social representations mídia

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