Aí! Tá me tirando?! O que dizem jovens moradores da periferia de São Carlos sobre si mesmo e a questão das drogas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/02/2012

RESUMO

O fenômeno das drogas vem adquirindo maior relevância nos cenários nacional e mundial nas últimas décadas, atingindo todas as camadas sociais. A frequente associação entre grupos de jovens, em especial jovens pobres, e o uso de drogas, presente na mídia em geral e nas políticas públicas, tem suscitado discussões e intervenções que precisam ser analisadas e problematizadas em suas proposições e desenvolvimento. Tais intervenções, especialmente as direcionadas a esses grupos, não têm considerado a situação socioeconômica e cultural a que estão submetidos esses jovens, acumulando resultados pouco efetivos, do ponto de vista público. Esse dado suscita a necessidade de se dar um passo atrás na argumentação, invertendo a ordem da pergunta e indagar posteriormente sobre qual a melhor forma de tratar esses jovens em uso ou abuso de drogas - questão, sem dúvida, relevante e iniciar sobre quais os contextos e arranjos sociais que permitem que esses jovens, pobres, moradores das periferias das cidades, estejam expostos às drogas e de que maneira essa exposição se dá em suas práticas cotidianas. Com o intuito de investigar como as drogas compõem a trajetória de jovens pobres moradores de periferia, empreendeu-se uma pesquisa qualitativa, que teve por objetivo acessar as experiências de jovens, entre15 e 29 anos, moradores da periferia de uma cidade de médio porte no interior do Estado de São Paulo, frequentadores de um equipamento social de lazer, cultura e esporte. O estudo utilizou como métodos a observação participante, entrevistas semidirigidas e a realização de Oficinas de Atividades. As proposições da terapia ocupacional social constituíram o embasamento teórico do estudo. O emprego de metodologias participativas na apreensão do universo dos sujeitos estudados permitiu acessar suas percepções acerca da temática das drogas, pontuando, porém, outras questões que permeiam suas vivências cotidianas, determinando sua condição de vulnerabilidade. Temas como as constantes violações de seus direitos civis; restrições, algumas implícitas, outras nem tanto, à mobilidade urbana; estigma social; violência real e/ou simbólica; a centralidade do trabalho e suas relações com e por meio do tráfico de drogas, emergiram dos relatos desses jovens, possibilitando construir um panorama ampliado do contexto social no qual se inserem, evidenciando que, ainda que presentes no cotidiano, as drogas não constituem a principal fonte de vulnerabilização nem de preocupação daqueles jovens.

ASSUNTO(S)

terapia ocupacional juventude drogas contexto social fisioterapia e terapia ocupacional youth social occupational therapy drugs

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