Adesão ao tratamento psiquiátrico: análise comportamental de pacientes com diagnóstico de transtornos de ansiedade

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Um dos problemas mais importantes enfrentados pelos profissionais de saúde, particularmente por aqueles que tratam de transtornos psiquiátricos, é a pobre adesão ao tratamento. O presente estudo teve como objetivos 1) avaliar a adesão ao tratamento apresentada por pacientes portadores de transtornos de ansiedade atendidos em ambulatório num hospital-escola da cidade de São Paulo, 2) realizar um levantamento de variáveis associadas à pobre adesão, 3) comparar as razões atribuídas pelos profissionais/acadêmicos e pelos pacientes para a pobre adesão, 4) apresentar um procedimento de intervenção para aumentar a adesão e 5) descrever os efeitos dessa intervenção. Os três primeiros objetivos foram perseguidos na primeira etapa do estudo e os dois últimos na segunda. Participaram da primeira etapa 54 pacientes com transtornos de ansiedade, quatro psiquiatras e 11 acadêmicos de medicina. Foram utilizados dois questionários, um dirigido aos pacientes e o outro aos médicos/acadêmicos. A pesquisadora avaliava um paciente como aderente somente quando os auto-relatos concordassem com os dados obtidos por outras fontes. A maioria (83,3%) dos pacientes deixou de apresentar pelo menos um comportamento de adesão. A taxa de adesão variou inversamente ao número de medicamentos prescritos, ao número de doses por dia e ao número de atividades compreendidas pelo tratamento. Os tratamentos que requeriam alterações no estilo de vida foram os mais dificeis de seguir. Em menos da metade dos casos, houve coincidência entre as avaliações realizadas pela pesquisadora e pelos profissionais/acadêmicos. Esquecer o medicamento, não perceber melhora, não acreditar na eficácia do tratamento e a dificuldade de executar as atividades propostas foram as principais razões para a pobre adesão apontadas pelos pacientes e a gravidade do transtorno, a razão mais freqüente apontada pelos profissionais/acadêmicos. Embora 27 pacientes com transtorno de pânico apresentando pobre adesão tenham sido convidados a participar da segunda etapa da pesquisa, apenas três pacientes consentiram em participar. A intervenção envolveu estratégias educativas e comportamentais. Na primeira entrevista os pacientes eram instruídos a registrar, diariamente por seis semanas, os comportamentos que faziam parte do seu tratamento. Uma vez por semana, o grupo de pacientes se reunia com a pesquisadora por uma hora. Foram fornecidas informações sobre os transtornos dos participantes, os componentes do tratamento e a importância da adesão a todos eles. Os pacientes eram solicitados a apresentar os seus registros referentes aos comportamentos de adesão, além de relatar os eventos que poderiam ter dificultado o cumprimento das prescrições. A pesquisadora reforçava diferencialmente os relatos de adesão e aconselhava os pacientes sobre como proceder para enfrentar as dificuldades. Um mês após o último grupo, a pesquisadora entrevistou cada paciente e avaliou os comportamentos de adesão registrados durante o procedimento de intervenção. Os resultados mostraram que embora o procedimento de intervenção não tenha conseguido sanar todas as dificuldades de adesão e tenha produzido diferentes efeitos sobre os comportamentos dos participantes, houve melhora na adesão ao medicamento antidepressivo nos três casos, a qual se manteve na avaliação de seguimento. Além disso, o presente estudo identificou algumas variáveis que deveriam ser consideradas em programas voltados para melhorar a adesão ao tratamento psiquiátrico

ASSUNTO(S)

comportamento paciente psiquiatrico adulto avaliacao da adesao ao tratamento procedimentos de intervencao psicologia experimental ansiedade transtorno de ansiedade adesao ao tratamento ambulatorio

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