Adesão e não adesão ao tratamento psiquiátrico para depressão

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Entende-se que a adesão ao tratamento medicamentoso seja de fundamental importância para o manejo da doença depressiva e concebendo-se que a não adesão a este tratamento possa ocorrer com uma freqüência importante, este estudo teve por objetivo compreender os aspectos relacionados à adesão e não adesão ao tratamento psiquiátrico para depressão, na ótica de usuários e ex-usuários de um serviço público de saúde mental da cidade de Araguari MG. A amostra deste estudo compôs-se de 24 participantes, sendo 12 considerados aderentes ao tratamento para depressão e12 considerados como não aderentes ao tratamento, de acordo com o critério de assiduidade às consultas médicas psiquiátricas. Realizaram-se entrevistas semidirigidas que foram conduzidas individualmente com cada participante pela Pesquisadora, e a partir dos relatos transcritos procedeu-se à análise de conteúdo na perspectiva de análise temática. Verificou-se que a adesão e a não adesão ao tratamento medicamentoso para depressão consistem em fenômenos multifatoriais, identificando-se três grandes aspectos ou perspectivas a serem considerados no comportamento de adesão e de não adesão a este tipo de tratamento. Na perspectiva dos Aspectos Intrapessoais concebeu-se a participação de fatores relacionados ao próprio paciente que podiam facilitar e também dificultar a adesão ao tratamento, conforme sua polaridade. Desta forma, a presença de fatores como a motivação do paciente para o tratamento/melhora, a interpretação positiva em relação aos resultados do tratamento e o reconhecimento da depressão como uma doença, são considerados como facilitadores da adesão. Complementarmente, a forma negativa ou ausência, dos fatores que compuseram este mesmo aspecto prejudicam o comportamento de adesão, de forma que, a falta de motivação do paciente para o tratamento/melhora, a interpretação negativa em relação aos resultados do tratamento, não reconhecimento da depressão como uma doença, acrescido à própria sintomatologia da depressão, estiveram associados aos aspectos intrapessoais propiciadores da não adesão. O segundo aspecto identificado para o comportamento de adesão/não adesão denominou importância aos relacionamentos interpessoais vivenciados ou interpretados pelo paciente. Assim, o relacionamento interpessoal positivo com a equipe e a presença de suporte familiar, constituíram o pólo facilitador da adesão ao tratamento na perspectiva dos Aspectos Interpessoais. Em contraponto quando essas relações são compreendidas ou vivenciadas negativamente elas podem funcionar como barreiras à adesão ao tratamento, associado a estas duas situações, esteve presente o preconceito social. O Contexto do Tratamento também foi considerado como importante interferente na adesão/ não adesão à terapêutica, na medida em que revelou a importância da acessibilidade e da não acessibilidade ao tratamento na avaliação da adesão ao tratamento e também estimou importância ao tratamento psicológico para facilitação da adesão à terapêutica de pacientes deprimidos. A partir dos resultados obtidos com a realização da pesquisa, sugere-se uma reflexão acerca do papel de equipes de saúde mental na formulação de práticas direcionadas ao incremento da adesão ao tratamento que considerem: o indivíduo e a relação que ele faz com sua doença e tratamento; a família e a comunidade geral e suas representações sobre depressão, doença mental, tratamento e sobre a unidade de saúde mental; a capacitação e qualificação de profissionais que atuam na saúde mental; e também a sensibilização para a construção de políticas em saúde mental que amparem o paciente carente subsidiando completamente seu tratamento.

ASSUNTO(S)

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