Acompanhamento do curso da infecção pelo HIV em uma coorte de crianças e adolescentes atendidos em centro de referência em Belo Horizonte no período de 1989 a 2003

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

RESUMO ARTIGO 1: Impacto da terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART) na sobrevida de crianças e adolescentes infectados pelo HIV em Belo Horizonte. Introdução: A introdução da HAART modificou o prognóstico de crianças infectadas pelo HIV, com drástica redução da mortalidade. Objetivo: Avaliar o impacto da HAART, definida como um esquema contendo três ou mais medicamentos anti-retrovirais, no tempo de sobrevida e nas taxas de óbito de crianças e adolescentes infectados pelo HIV em Belo Horizonte, Brasil. Métodos: As informações foram obtidas de uma coorte histórica de crianças e adolescentes infectados pelo HIV admitidos em um centro de referência de 1989 a 2003. O método de Kaplan-Meier foi utilizado na análise univariada e o modelo de riscos proporcionais de Cox na análise multivariada. As taxas de incidência de óbito por 100 pessoas-ano foram calculadas para os grupos HAART e não-HAART. Resultados: 371 crianças e adolescentes foram estudados, sendo 189 (50,9%) do sexo feminino; a idade mediana à admissão foi 22,9 meses e o tempo mediano de seguimento 38,4 meses. A taxa global de mortalidade foi 12,4% (46/371; IC95%: 9,4-16,1%). O tempo mediano de sobrevida foi 21,6 e 42,8 meses para os grupos não-HAART e HAART respectivamente (log rank=28,44, p<0,0001). Na análise multivariada, as variáveis estatisticamente significativas foram HAART e escore Z peso-idade <-2. A taxa de incidência de óbito foi de 7,8/100 pessoas-ano no grupo não-HAART e 1,5/100 pessoas-ano no grupo HAART (p<0,0001). Conclusão: Este estudo demonstra que a terapia anti-retroviral em crianças a adolescentes pode ser tão efetiva em países em desenvolvimento como tem sido em países desenvolvidos, com melhora drástica na sobrevida e redução da mortalidade. RESUMO ARTIGO 2: Avaliação do valor prognóstico do novo sistema de estágios clínicos pediátricos da Organização Mundial de Saúde (OMS) em uma coorte não tratada de crianças e adolescentes infectados pelo HIV em Belo Horizonte, Brasil. Introdução: Em Novembro de 2005, a OMS publicou um sistema de estágios clínicos com o objetivo de orientar quanto à determinação de quando iniciar, interromper ou substituir a terapia anti-retroviral em crianças e adolescentes infectados pelo HIV, assim como servir como uma ferramenta de vigilância em locais de recursos limitados. Objectivo: O objetivo deste estudo foi avaliar o valor prognóstico do sistema de estágios clínicos da OMS em uma coorte não tratada de crianças e adolescentes infectados pelo HIV em Belo Horizonte, Brasil. Métodos: Trata-se de coorte observacional de crianças e adolescentes não tratados admitidos em um centro de referência de 1989 a 2003. Os estágios clínicos da OMS foram analisados para o risco de progressão da doença, definido como início da terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART) e/ou óbito, sendo a avaliação realizada em dois momentos, na admissão do paciente e no momento do estágio clínico mais avançado durante o seguimento. Resultados: 335 crianças e adolescentes foram elegíveis para esta análise, sendo 51,3% do sexo feminino, com mediana de idade à admissão de 23,4 meses. O período mediano de seguimento foi de 15,0 meses. Ao final do período de observação (dezembro/2003), 267 pacientes (79,7%) permaneceram em seguimento, 33 (9,9%) faleceram, 26 (8,6%) perderam seguimento e 6 (1,8%) foram transferidos para outro serviço. Na análise univariada pelo método de Kaplan-Meier, os pacientes apresentando clínica dos estágios mais avançados (3 e 4) à admissão e na fase mais avançada da doença apresentaram risco significativamente maior para progressão da doença (ambos com p <0,0001). Na análise multivariada pelo método de riscos proporcionais de Cox, o risco relativo para progressão da doença ajustado por faixa etária foi 1,49 (IC95%= 1,09-2,05) e 2,85 (IC95%= 1,82-4,48) para os estágios 3 e 4 à admissão, respectivamente. Para o estágio 4 no pior momento durante a evolução, o risco relativo foi 2,89 (IC95%= 1,44-5,79). O estágio 2 foi neutro como preditor de risco para progressão tanto à admissão como no momento do estágio mais avançado (p=0,702 e 0,846 respectivamente) e o estágio 3 foi neutro como risco de progressão da doença (p=0,605) no pior momento da evolução clínica. Conclusão: Na ausência de exames laboratoriais, os estágios clínicos 3 e 4 da OMS são bons preditores do risco de progressão para HAART e/ou óbito. Estes dados confirmam a proposta da OMS de iniciar tratamento anti-retroviral para as crianças e adolescentes dos estágios 3 e 4.

ASSUNTO(S)

resultado de tratamento decs infecções por hiv/quimioterapia decs fatores de risco decs infecções por hiv/epidemiologia decs dissertações acadêmicas decs taxa de sobrevida decs criança decs estudos de coortes decs terapia anti-retroviral de alta atividade decs mortalidade infantil/tendências decs adolescente decs prognóstico decs infecções por hiv/mortalidade decs

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