A violência contra a mulher e o atendimento prestado às vítimas : a perspectiva do policial civil

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

06/03/2012

RESUMO

As Delegacias de Defesa da Mulher foram criadas para combater e prevenir a violência contra a mulher, e assim, consequentemente, intervir a tempo de evitar a ocorrência ou agravamento de danos ao desenvolvimento dos indivíduos. Porém, alguns estudos observacionais, bem como pesquisas realizadas junto às mulheres vítimas de violência, evidenciam que o atendimento nestas delegacias é insatisfatório, marcado por costumes patriarcais, colaborando para que as mulheres não dêem continuidade à queixa de crime praticado contra elas, o que contribui com a perpetuação da violência. Desta forma, é social e cientificamente relevante estudar a realidade que cerca o policial civil e os desafios enfrentados por ele. O presente trabalho teve como objetivo identificar e caracterizar as crenças de policiais civis a respeito da violência contra a mulher e as suas concepções acerca de tal tipo de violência e do atendimento que prestam às vítimas. Participaram do estudo 20 policiais civis da circunscrição de uma cidade de médio porte no interior do Brasil. Foram utilizados os seguintes instrumentos para coleta de dados: a) Questionário sobre Crenças a Respeito de Violência Doméstica e b) Questionário sobre as concepções do policial civil acerca da violência contra a mulher e do atendimento que prestam às vítimas. A aplicação dos instrumentos ocorreu em dois momentos distintos. Por meio dos instrumentos, foram feitas análises quantitativas e qualitativas. A análise quantitativa foi obtida usando-se métodos descritivos. A análise qualitativa foi obtida a partir das categorias definidas. Os resultados obtidos indicaram que a grande maioria das respostas dos policiais civis às afirmações do primeiro questionário apontou para baixa porcentagem de respostas inadequadas, porém, os policiais civis que participaram da pesquisa apresentaram crenças específicas a respeito da violência contra a mulher com altas taxas de inadequação, incluindo culpabilização da vítima pela permanência na relação violenta, concepções errôneas sobre os efeitos da violência no desenvolvimento da criança e concepções que culpabilizam a vítima pela violência. Contudo, os participantes apresentaram visão mais adequada com relação a algumas crenças, tais como: concepções sobre as mulheres precisarem ou merecerem apanhar e o abuso físico ser mais ameaçador do que o abuso psicológico. As crenças nas quais os policiais civis apresentaram taxa mais elevada de respostas inadequadas podem afetar diretamente o atendimento oferecido por eles às mulheres vítimas de violência. Os resultados também indicaram que a violência doméstica é mais frequentemente vista pelos participantes como agressões físicas, apesar dos participantes demonstrarem um bom conhecimento acerca das diferentes práticas de violência. Adicionalmente, os policiais civis apontaram alguns desafios enfrentados por eles ao atenderem as vítimas de violência, como a falta de capacitação, escassez de funcionários e debilitado estado emocional dos funcionários, que pode produzir um atendimento insuficiente. Como considerações finais aponta-se a necessidade de uma melhor formação aos profissionais no tocante a questões da violência contra a mulher, bem como a elaboração, realização e avaliação de cursos de capacitação para tais profissionais, visando preencher esta lacuna na formação dos mesmos.

ASSUNTO(S)

educação especial atendimento policial crença patriarcal polícia civil violência - prevenção violência contra a mulher. educacao especial police service patriarchal beliefs civil police violence prevention violence against women

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