A transposição da aridez em Vidas Secas: do livro ao filme

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O processo de adaptação permite a aproximação de duas artes distintas, a literatura e o cinema, possibilitando, assim, a verificação do sistema de permuta existente entre elas. Pensando em tal afirmativa, este trabalho é um estudo sobre o romance Vidas secas (1938), de Graciliano Ramos, e sua adaptação homônima para o cinema (1963), realizada por Nelson Pereira dos Santos, no qual investigaremos as questões referentes a seus diálogos, bem como às especificidades e peculiaridades que compõem a linguagem de cada arte. Nosso objetivo é analisar como se deu a transposição da aridez do texto literário para o fílmico, verificando como cada expressão artística conseguiu expor o aspecto da aridez, especificamente no que concerne a suas formas relacional e espacial, e a partir desse elemento em comum, assinalar quais são as relações dialógicas estabelecidas entre os textos. Nesse sentido, Mikhail Bakhtin (1997; 1998; 1999; 2003), com o seu conceito de dialogismo, foi um dos teóricos que mais contribuíram para esta investigação, principalmente por nos proporcionar um maior escopo de relações possíveis entre as duas mídias, autorizando, portanto, um estudo dissociado da ideia de fidelidade. Buscando ampliar o nosso aporte, lançamos mão de outros teóricos de diversas áreas afins: no cinema nos apoiamos em teóricos que trabalham com adaptação, como Brian McFarlane (1996), Robert Stam (1992; 2003; 2006; 2008) e Ismail Xavier (1983; 2001; 2003), e também aqueles que direcionam sua atenção para a análise de imagens, como André Gaudreault e François Jost (2009) e Jacques Aumont (1995); na literatura, utilizamos estudos da teoria literária, como Gérard Genette (1995; 2006; 2008), Claudia Barbieri (2009) e Antonio Candido (2006), e da crítica referente a Vidas secas, como Rui Mourão (1971), Antonio Candido (1992), Luís Bueno (2006), Maria Izabel Brunacci (2008). Depois de realizadas as leituras teóricas e críticas e feitas as análises, constatamos que há uma série de diálogos entre as duas obras, tanto nas relações de denúncia e delimitação de uma identidade nacional, quanto na utilização dos componentes específicos de cada arte para realçar a realidade do indivíduo. Desse modo, concluímos que romance e filme se aproximam tanto na temática quanto na sua forma de abordagem.

ASSUNTO(S)

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