A relação partido/sindicato: um estudo de caso / A relação partido/sindicato: um estudo de caso

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Este trabalho tem como eixo de análise a relação entre partido e sindicato, dois importantes instrumentos de organização da classe trabalhadora. Debate-se o contexto de sufrágio universal como mais um elemento na luta política, entendendo-se que essa transformação de concepção, na luta pelo poder, transfere a lógica, que se adapta para o âmbito institucional. O objeto de análise nesta pesquisa será a relação do Partido dos Trabalhadores com a Central Única dos Trabalhadores durante a campanha eleitoral de 2002 e, posteriormente, no primeiro ano do governo federal de Luiz Inácio Lula da Silva. Para realizar este estudo procedeu-se à observação de dois momentos históricos distintos dessas duas organizações. Durante a década de 1980 havia confronto explícito com a estrutura de poder, confronto esse marcado pelo ascenso das lutas sindicais e pelo entendimento da necessidade de um partido político que pudesse servir de instrumento de luta e de organização da classe. Logo consolidou-se a necessidade de uma central sindical que organizasse o conjunto da classe trabalhadora nacionalmente, mas que fosse independente do Estado e de qualquer partido político. Em um segundo momento, marcado pela perda do caráter de confronto e do referencial de classe, adaptou-se o discurso ao modelo da democracia política e da luta pela cidadania. Procedeu-se, também, à reconstrução histórica da social-democracia na perspectiva analítica que percebe nas reformas graduais um referencial no processo de transformação política, e à reflexão sobre o sufrágio eleitoral como objetivo estratégico, sendo este entendido como elemento subjacente, mas fundamental porque demonstra as mudanças analisadas e caracterizadas pelos atores em questão. A pesquisa nos leva a concluir que a utilização dos sindicatos e das centrais sindicais pelos partidos políticos no pleito eleitoral tem influência sobre a crise sindical e interfere na sua relação com a estrutura partidária. O partido reduz o seu campo de atuação para o pleito eleitoral, ao convergir as suas forças para a conquista do poder, e assim deixa de lado as clivagens de classe que lhe deram origem. Conclui-se, também, que a relação pós-eleitoral partido/classe tem efeitos desmobilizadores sobre a base sindical e partidária.

ASSUNTO(S)

ciencia politica sindicalismo trabalho partidos politicos

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