A problemática das aglomerações produtivas especializadas: aspectos principais, governança interna e externa e observação da experiência de São Bento do Sul (SC)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A partir da década de 1980, pode-se observar o início de um processo de territorialização econômica e política, concomitante com o aparente enfraquecimento do governo central. Esse processo condiz com as mudanças que vêm sofrendo as empresas e o Estado, em âmbito mundial. A etapa da globalização produtiva, que compreende o período entre 1950 e 1970, permitiu o crescimento das capacidades industriais em uma larga gama de países em desenvolvimento. Tal difusão industrial causou uma mudança no centro de gravidade de muitas indústrias manufatureiras do núcleo para a periferia da economia-mundo e foi a premissa para a globalização comercial (a partir de 1970). Além disso, em meados da década de 1980 surgiu uma efetiva concentração de inovações baseadas na eletrônica, que atingiu, direta ou indiretamente, todos os setores da economia e, também, a sociedade como um todo, configurando-se assim um novo paradigma tecnológico-produtivo. Esse paradigma caracteriza-se, entre outras coisas, pela presença crescente da microeletrônica, que possibilita uma maior flexibilidade na produção e nas relações de trabalho, e também favorece a produção customizada, realizada em lotes menores e dirigida a segmentos mais ou menos específicos de mercados. A aplicação das tecnologias de informações permitiu a decomposição dos produtos em módulos ou sistemas com interfaces normatizadas, facilitando a contratação externa de projeto. A desintegração vertical das corporações transnacionais se caracteriza pela redefinição de suas competências centrais para se focarem em inovação e estratégia de produto, marketing e nos segmentos que mais agregam valor da manufatura e dos serviços, enquanto reduzem sua propriedade direta sobre funções não centrais, tais como serviços genéricos e volume de produção. Esta tendência, na maioria dos países desenvolvidos, torna mais provável que cadeias claramente governadas pelos compradores sejam cada vez mais comuns. Em suma, nos novos modos de organização produtiva, os vínculos interfirmas se mostram contemplados pelo desenvolvimento tecnológico, assim como pelo interesse das empresas em concentrar seus esforços nas atividades que constituem o foco das suas operações e em transferir as demais atividades para outras unidades de produção, praticando a terceirização. Dentro desse contexto notam-se condições favoráveis, proporcionadas por essas mudanças, a uma maior participação das empresas de pequeno e médio porte na dinâmica industrial, principalmente daquelas que se encontram inseridas em aglomerações produtivas especializadas. Tal situação passa a chamar a atenção de diversos estudiosos nos anos 1980, e a partir de então e, sobretudo, desde os anos 1990, também os elaboradores de políticas começaram a se interessar pelo assunto. É neste cenário que o atual trabalho pretende captar a emergência de cadeias comandadas pelos compradores na indústria de móveis de madeira e, também, analisar a influência que este tipo de cadeia exerce sobre aglomerações produtivas especializadas. Para tanto, observa-se, a experiência concreta da aglomeração produtiva de São Bento do Sul (SC).

ASSUNTO(S)

produção (teoria econômica) economia indústria de móveis

Documentos Relacionados