A mulher negra: o preço de uma trajetória de sucesso

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O presente estudo volta-se à questão do negro na sociedade brasileira, mais especificamente à mulher negra em trajetória de sucesso. Inicialmente foi pautado por uma preocupação em chamar a atenção para o negro que conseguiu furar os bloqueios da marginalidade e da estigmatização experienciada pela maioria da população negra. Num recorte mais específico preocupamo-nos com as mulheres negras que ascenderam socialmente. Faz parte do senso comum a idéia da submissão e exclusão do negro. Nessa perspectiva, procurou-se mostrar alternativas para a superação dessa realidade que se transformou em algo "quase natural", causando pouca ou nenhuma forma de indignação. Preliminarmente a pesquisa consistiu num levantamento de dados secundários e bibliográficos sobre o negro. Houve dificuldades em obter informação referente à mulher negra que teve mobilidade ascendente devido à escassez de bibliografia especializada, mas atalhou-se a essa escassez com alguns outros subsídios, a saber, com dados estatísticos do IBGE, notadamente da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios - PNADs 95 e 96. o trabalho de campo consistiu na realização de entrevistas em profundidade, de caráter qualitativo, com roteiro flexível e previamente elaborado para captar as trajetórias profissionais e pessoais de mulheres negras. Ao longo da realização das entrevistas surgiram temas, que foram então contemplados na análise, especialmente em relação à seletividade conjugal. Procuramos então abordar questões referentes à estrutura familiar, trajetória educacional, inserção no mercado de trabalho, status social, sucesso e integração espacial na cidade de São Paulo. É aspecto fundamental a identidade dessas mulheres como negras e como pessoas de sucesso ou de ascensão social. Não é tranqüilo para negro assumir em sua vida a negritude, ou o pertencimento à raça negra, visto que uma parcela considerável dos indivíduos que possuem ascendência negra encontram dificuldades em assumir a própria raça, em especial, por causa do significado da negritude cultivado por nossa sociedade que lhe atribui valores negativos e pejorativos. Este é um aspecto fundamental em qualquer estudo sobre os negros no Brasil. O trabalho revelou que, embora as entrevistadas se situem nos estratos médios da sociedade, numa perspectiva econômica, contudo, a maioria delas não sentem que pertençam à "classe média paulistana", pois se vêem "diferentes" e não encontram outros negros na mesmo posição social; algumas relatam o sentimento de isolamento em que vivem, especialmente por desejarem partilhar as conquistas com pessoas do mesmo status social, e, uma das grandes dificuldades que as entrevistadas encontram está no relacionamento afetivo praticamente todas revelam experiências difíceis nesse sentido

ASSUNTO(S)

negras -- condicoes sociais -- brasil ciencias sociais aplicadas democracia racial ascencao raca e educacao

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