A mulher nas crônicas de José Simão: um estudo da construção dos estados de violência

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O objetivo desta dissertação é analisar de que modo a linguagem, nas suas várias manifestações, constitui uma das formas mais expressivas da representação da violência no jornal Folha de S. Paulo, uma vez que esse periódico é considerado um dos veículos de informação de maior prestígio e credibilidade do Brasil. Especificamente, nossa pesquisa se dispõe a demonstrar como são construídas, nas crônicas de José Simão, as expressões de violência contra a mulher. Marcados, principalmente, pelo humor grotesco e deselegante, os textos de Simão abrangem assuntos que vão desde a economia e a política até esportes e entretenimento. Por meio de uma aparente conversa sem rumo, o divertimento postulado pelas crônicas de José Simão parece anular a violência pois, sendo considerado algo não-sério, permite que, por meio dele, se faça e diga coisas que fora dele as normas sociais não permitiriam. Nesse estudo verificou-se que as formas de violência contra as mulheres nas crônicas de José Simão estão arraigadas há muito tempo no seio de nossa sociedade, machista e patriarcal, fazendo-se visíveis, mas também invisíveis, porque escondidas sob formas de leis, racismos, intolerâncias, costumes e tradições. Ao reproduzir velhos estereótipos generalizantes e preconceituosos que dizem respeito ao universo feminino, o autor contribui - e muito para a disseminação e perpetuação da violência que avilta diariamente as mulheres. Comprovamos que a imagem da mulher é violentamente hostilizada, tornando-se motivo de depreciação e zombaria. Para o exame do nosso corpus, consideramos como categorias de análise a violência consumada contra a mulher, seja pela sua forma física, seja por aspectos culturais e sociais, seja por sua qualidade moral. O corpus foi dividido segundo estas três categorias. Em termos lingüísticos, a violência contra as mulheres se fez sentir pela exploração polissêmica ocorrida nas crônicas, não só pela utilização das metáforas e das ironias, mas também pelo uso de termos pejorativos, de trocadilhos, da alteração maliciosa de nomes próprios e de neologismos

ASSUNTO(S)

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