A MULHER DE POSSES E A INSTRUÇÃO ELEMENTAR NA CAPITANIA DE SERGIPE DEL REY NOS ANOS SETECENTOS. / POSSESSION OF A WOMAN AND INSTRUCTION IN ELEMENTARY CAPTAINCY OF SERGIPE DEL REY YEARS SEVEN.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

20/10/2011

RESUMO

Sob a atmosfera da circulação do saber e da civilização, as mulheres de posses da Capitania de Sergipe Del Rey não viveram reclusas. Com a morte de seus maridos, assumiram o lugar simbólico de pai e se envolveram em tarefas próprias do mundo masculino e, assim, envoltas na aura do poder patriarcal, vivenciaram atividades que estavam além do ambiente doméstico. Desse modo, administraram engenhos, alambiques, sítios, plantações, comandaram escravos e negociaram produtos. Algumas dessas mulheres assinaram a rogo, outras grafaram os seus próprios nomes nos inventários de seus maridos, e algumas delas exerceram a tutoria de seus órfãos menores de vinte e cinco anos de idade. Sob a ordem jurídica setecentista, as tutoras criaram e educaram os seus filhos órfãos menores, com amor e zelo de mãe, na forma da lei. Assim, a mulher garantiu o patrimônio da família e a Coroa Portuguesa, aliada à Justiça, enquadrou todos os sergipanos no novo projeto de nação moderna. Portanto, todos (família e poder da Coroa) estavam afinados para a manutenção dessa nova ordem estabelecida. Em Sergipe Del Rey, existiram quatros modelos de instrução elementar, que vigoraram no século XVIII, no período de 1575 a 1799, o qual abrange a documentação analisada. O primeiro modelo, denominado Doutrinação, Catequese ou Instrução de viva de voz, foi ministrado pelos Franciscanos e Carmelitas para os filhos dos índios e dos colonos sergipanos. O segundo modelo encontrado foi a clausura feminina, em 1743, considerado como uma das opções de educação estabelecida para as mulheres de posses à época. Esses dois modelos inseriram-se no período em que os jesuítas tinham o controle e ditavam as regras da educação. O terceiro modelo, designado aulas de primeiras letras ou ensino de primeiras letras, vigorou a partir da expulsão dos jesuítas, de 1759 a 1792. O quarto modelo evidenciado foi a instrução própria do seu sexo, destinado às órfãs menores, registrado de 1752 a 1792. Esses dois últimos modelos foram implantados no período pombalino e adentraram ao período Mariano. Ressalto que foi no período pombalino que aconteceram modificações significativas no processo educacional de todo o reino português, a partir de 1759. Pombal não rompeu com a ordem eclesial estabelecida. Ele substituiu a ação educativa dos jesuítas por uma nova dinâmica racionalista, que ainda respeitava a hierarquia eclesial, mas a subordinava ao Estado. Essas práticas educativas estendiam-se até a idade adulta e podiam ser escolares, ou não escolares e visavam atingir preferencialmente aqueles indivíduos dotados de posses.

ASSUNTO(S)

história da educação instrução elementar órfão menor mulher de posse capitania de sergipe del rey educacao woman history of education elementary school underage orphan women of possessions sergipe del rey captaincy

Documentos Relacionados