A matemática do meio rural numa abordagem etnomatemática : uma experiência educacional dos Núcleos-Escolas da comunidade camponesa do Movimento Sem Terrra no município de Serra Talhada.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O tema deste estudo que referencia a matemática do meio rural numa abordagem etnomatemática, é a relação entre o mundo cultural dos conceitos, idéias e experiências dos produtores rurais do Movimento Sem Terra (MST), vinculados aos Assentamentos do Riacho do Bode e Gilvam Santos, denominados nesta pesquisa de Comunidade Camponesa, e o universo do saber sistematizado e desenvolvido no espaço escolar. Apresenta como objetivo geral analisar comparativamente a matemática presente na prática pedagógica dos professores de matemática dos diferentes Núcleos-Escolas da Comunidade Camponesa e a matemática construída nas práticas cotidianas dos produtores rurais dessa comunidade. A investigação de cunho qualitativo e inspiração etnográfica, utiliza como procedimento metodológico a entrevista estruturada. As inspirações teóricas do trabalho foram buscadas na literatura relativa às duas áreas do conhecimento centralmente imbricadas na pesquisa: a Educação Popular e a Etnomatemática. Existe uma linguagem da matemática popular que expressa o conhecimento matemático criado/recriado no contexto popular. Uma maior atenção a esta linguagem revela que algumas concepções veiculadas na escola como sendo únicas, na verdade não o são, e que aplicando na escola os pressupostos da Etnomatemática é necessário receptividade para aceitar, compreender e respeitar concepções diferentes daquelas que geralmente são veiculadas como únicas. Na análise da matemática informal do produtor rural da Comunidade Camponesa e a matemática formal vivenciada pelos professores de matemática dos diferentes Núcleos-Escolas, percebe-se que nas relações entre essas duas matemáticas aparecem vários conhecimentos matemáticos ligados a Aritmética e a Geometria plana, mas que diferem na linguagem própria de cada uma. Observa-se, também, na prática pedagógica desses professores, alguns indícios da Etnomatemática, não necessariamente trabalhados com seus pressupostos, mas de alguma forma, a Etnomatemática está implícita no desenvolvimento do trabalho desses professores. Do que foi observado, ressalta-se como princípio conclusivo que um fator que pode ser decisivo no reconhecimento do conhecimento matemático construído em culturas diferenciadas é levar em consideração, como parte da história da matemática, a história das práticas e dos conhecimentos matemáticos únicos, particulares, existentes nas diferentes culturas. Finalmente concluiu-se que para a prática pedagógica dos professores de matemática dos diferentes Núcleos-Escolas da Comunidade Camponesa alcançar os objetivos de uma aprendizagem significativa para atender a política de educação do campo, a metodologia de ensino deve conduzir eficazmente ao domínio da matemática acadêmica a partir da abordagem em etnomatemática. Mas para isto, é necessário, sobretudo, que a escola e os professores compreendam que ensinar matemática não é só uma tarefa técnica, mas também política.

ASSUNTO(S)

matemática informal matemática formal educação meio rural ensino-aprendizagem formal mathematics informal mathematics education

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