A máquina de festejar: seus usos e configurações nas escolas primárias brasileiras e portuguesas (1890-1930) / The party machine: its uses and settings in primary schools in Brazil and Portugal (1890-1930).

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/04/2012

RESUMO

A presente tese teve como objetivo investigar, no âmbito dos estudos históricos educacionais comparados, o objeto e fenômeno festas, realizadas no contexto escolar. A análise incidiu no período considerado de consolidação dos princípios de ensino moderno, do final do século XIX ao início do XX, em dois países cujas histórias políticas, econômicas e sociais se entrecruzaram em diferentes momentos, Brasil e Portugal. A seleção do período justificou-se pela profusão de reformas com o intuito de implementação de um sistema público, estatal, democrático e laico de ensino gestadas no decorrer do século XIX e assumidas como bandeiras dos regimes políticos republicanos. Particularmente, procurou-se compreender como as festas escolares foram forjadas nos projetos políticos e discursos educacionais do período relacionado. A retomada da metáfora da festa-máquina (OZOUF, 1976) foi particularmente fértil para a compreensão do objeto nos seus múltiplos elementos (peças), nas técnicas (engrenagens), e nos saberes e propósitos (funções). A comparação estabelecida entre a festa e a máquina suscitou inquietações a respeito de como esta maquinaria se organizou para as instituições escolares no seu propósito educativo, quais eram seus elementos, suas técnicas, suas funções e saberes. A realização das festas no âmbito escolar não se deu de forma homogênea e direta, tampouco sem equívocos e contradições. O mesmo maquinário utilizado em outros âmbitos sociais e para outros fins, precisou se adaptar ao novo contexto de idealização e concretização, além de reestruturar seus elementos e técnicas que deveriam servir, a partir de então, a um propósito eminentemente educativo. Em estudos realizados nas diferentes áreas sobre os atos festivos é recorrente a associação destes momentos a acontecimentos desregulados, alegres, sem normatização específica e cuja realização serviria à descontração do povo e à renovação das energias a partir da ruptura com o cotidiano. Contrariando tal concepção, a investigação aqui proposta demonstrou que caberiam às comemorações, assim como a todas as atividades realizadas no contexto escolar, uma função de ensino e de aprendizagem, bem como a divulgação de um saber característico da escola moderna, considerada, naquele momento, o modelo ideal de escola. Para a análise da hipótese, utilizaram-se como fontes documentais, textos publicados em periódicos de ensino brasileiros e portugueses, manuais pedagógicos e fotografias localizadas neste corpus. Os trabalhos das áreas distintas que se preocupam com a questão das comemorações e que fundamentaram teoricamente a tese apresentam-se em primeira análise, divididos entre aqueles que tomam as festas como aspecto da vida social (OZOUF, 1976; DEL PRIORE, 2000), os que as examinam em suas relações com outras dimensões da sociedade (DUVIGNOUD, 1983), aqueles que discutem mais detidamente os rituais festivos (BRANDÃO, 1978; DAMATTA, 1990), e ainda os que apresentam o funcionamento e as ressonâncias das festas nas sociedades e nos processos de formação dos sujeitos (RIBEIRO JUNIOR, 1972; AMARAL, 1998). No âmbito educacional, os conceitos de cultura escolar (JULIA, 2001; CHERVEL, 1990) e forma escolar (VINCENT, LAHIRE e THIN, 2001) subsidiaram a investigação.

ASSUNTO(S)

compared education history cultural festivals culturas escolares escola moderna escola nova festas escolares festas sociais história da educação comparada modern school progressive education school festivals social festivals

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