The slavery into the textbook of history of Brazil : example of three authors (1890-1930) / A escravidão no livro didatico de historia do Brasil : tres autores exemplares (1890-1930)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Esta tese analisa como a escravidão negra foi retratada nos livros didáticos de História do Brasil de João Ribeiro (1900), Rocha Pombo (1919) e Antônio Alexandre Borges dos Reis (1915), manuais utilizados no Ginásio da Bahia entre os decênios finais do século XIX e as décadas iniciais do século XX. A intenção foi perceber o lugar ocupado pelo negro na história do Brasil, construída por esses autores, e identificar as concepções de nação, trabalho e classe social presentes na sua narrativa histórica. Além disso, analisa-se o conteúdo dos livros didáticos, levando em consideração seu contexto e suas relações com os espaços institucionais em que foram utilizados. A investigação procurou estabelecer a relação entre o particular - o conteúdo sobre escravidão no livro didático - e o contexto mais amplo, isto é, considerou-se a totalidade histórica em que o objeto estava inserido. Dessa forma, adotou-se a premissa de que o livro didático de História do Brasil funcionou, naquele período, como instrumento para organizar, consolidar e justificar uma formação social específica, chamada nação brasileira, que foi gestada, articulada e organizada no momento em que o capitalismo mundial se converte no chamado Imperialismo. Os livros de História do Brasil, aqui tomados como objeto e fonte, foram analisados segundo três categorias: 1. história, apoiada nos pilares de tempo (periodização), acontecimento (fatos históricos) e teoria (explicação histórica); nação, percebida por intermédio do discurso de fundação (mito de origem), trajetória (feitos históricos, personagens históricas) e cultura (comunidade de crenças e valores); trabalho e classe social, demarcados pela visibilidade dos sujeitos históricos, suas relações e posição na estrutura social brasileira. Constatou-se que as narrativas construídas por estes autores sustentam-se na defesa de um caminhar evolutivo do Brasil em direção ao modelo de civilização européia, na qual a escravidão é condenada moralmente, mas justificada como necessidade econômica. O projeto defendido pelos autores é um projeto de classe, no caso, classes dominantes, o qual estabelece uma identidade nacional una, branca, cristã e liberal, e, acima de tudo, politicamente conservadora. Os livros didáticos foram utilizados nas instituições de ensino como maneira de instituir valores e formar adeptos ao projeto de nação liberal, gestado no final do Império, instituído com a Proclamação da República e responsável, em parte, pela manutenção de uma visão hierárquica entre os grupos raciais

ASSUNTO(S)

enslavement nation textbook escravidão nação ideology ideologia racismo racism

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