A hagiografia de Santa Rosa de Lima : narrando a santidade na América / The hagiography of Saint Rose of Lima : narrating sanctity in America

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/09/2011

RESUMO

Os santos são figuras presentes no universo católico com funções muito específicas: são personagens de religiosidade exemplar, que devem servir de norte para as práticas religiosas dos fiéis e trabalhar como intercessores entre eles e Deus. Eles estão presentes desde os primórdios da Igreja, já no século IV, e sobrevivem a todas as mudanças dogmáticas, doutrinais e teológicas configuradas pela instituição. No entanto, a permanência do santo não subentende a permanência dos discursos de santidade: este é orgânico e adapta-se às necessidades das comunidades em que estavam presentes, assim como aos momentos distintos vividos pela instituição. Suas histórias, constituídas pelos discursos de santidade, são relatadas em textos que são configurativos de um gênero literário próprio, chamado hagiografia. No monumento hagiográfico, a trajetória de vida sagrada de um personagem considerado exemplo de virtude é narrada com três objetivos principais: servir de distração e diversão para os fiéis, como guias de vida católica virtuosa e como textos definidores da moral que deveria permear a piedade e as práticas sociais de uma comunidade em dado período - ou seja, servir de instrumento de manutenção de uma dada ordem social. A hagiografia de Rosa de Santa Maria, primeira santa a ser canonizada na América no século XVII, atendia a esses objetivos, e ia além: o modelo de santidade ao qual ela pertencia seria utilizado como instrumento de conversão e manutenção da religiosidade católica que estava sendo transplantada para as novas colônias espanholas. A figura de Rosa, posteriormente, seria utilizada como baluarte do movimento identitário criollista e se tornaria um guia de espiritualidade para as Américas. O objetivo desta dissertação é analisar com profundidade a obra hagiográfica de Rosa, escrita pelo dominicano Leonard Hansen na década de 1660 para o processo de canonização da santa americana, nascida em Lima, no vice-reino do Peru. Busca-se compreender quais são os discursos de santidade presentes na construção da personagem santificada, assim como os modelos de espiritualidade que ela representa e o pioneirismo do texto como fundador de um novo modelo de piedade específico para a realidade americana dos séculos XVI-XVII. Nossa conclusão final é que a narrativa da vida da santa limenha apresenta todas as características da hagiografia europeia medieval e os elementos simbólicos definidores da figura santoral representativa do modelo tridentino. Portanto, apesar de sua personagem ter sido incorporada como bandeira de movimentos identitários criollistas e como fundadora de uma espiritualidade americana, não há pistas em sua hagiografia que apontem para a conformação de um novo modelo hagiográfico que respondesse às necessidades do novo território

ASSUNTO(S)

hagiografia santidade igreja catolica - história - américa latina hagiography holiness catholic church

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