A escrita na psicose

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

No presente trabalho analisaremos textos de pacientes psicóticos que participam do grupo terapêutico denominado ¿Atelier de Escrita¿, que se reúne no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Região Centro de Porto Alegre. Nossas análises são norteadas pelas seguintes questões: 1. dentro de uma perspectiva lingüístico-discursiva, como pode ser compreendida a irrupção de efeito de não-sentido no texto do psicótico e qual o funcionamento discursivo subjacente a esse efeito? 2. haveria autoria na escrita do psicótico? No primeiro capítulo, expomos o dispositivo teórico que vai ser utilizado nas análises. Filiamo-nos à Análise do Discurso de Michel Pêcheux. Em nossa reflexão teórica, cotejamos algumas noções da Análise do Discurso com suas similares na Psicanálise. No terceiro capítulo, mostramos por que, para trabalharmos com um arquivo que pertence à área da clínica do doente mental, tivemos de sair dessa área e nos deslocar para a Análise do Discurso. Para tanto, mostramos as condições de produção dos textos analisados. Realizamos um apanhado histórico do tratamento de doenças mentais no Brasil da Reforma Psiquiátrica nos anos 70 e uma retomada histórica de como a psicose é construída sócio-discursivamente. Examinamos como é construído o locutor-psicótico, a fim de vislumbrar um efeito de leitura que seja socialmente estabelecido nos textos a serem analisados. No quarto capítulo, examinamos a questão do não-sentido na escrita psicótica. Para isso, com o auxílio da Psicanálise, tentaremos compreender quais são as relações do real com a psicose, principalmente em relação à constituição da realidade nessa subjetividade. As análises que compõem esse capítulo dizem respeito aos diferentes funcionamentos de irrupção do real nos textos estudados. Analisaremos dois funcionamentos distintos de irrupção do real: pelo ato de nomeação e pelas semelhanças das palavras. Estudamos também como o real irrompe na presença dos sinais de pontuação e na ausência da pontuação. No quinto capítulo, propomos a questão da autoria na psicose por duas vias. A primeira leva a pensar a relação entre autoria e leitura na psicose. Essa seção desemboca em outra, denominada ¿Autoria como represamento do interdiscurso e estancamento do real¿. Nessa seção, refletimos como o sujeito psicótico escapa da injunção do não-sentido no texto e conseqüentemente inclui nele o sujeito-leitor. A segunda propõe-se a analisar o grau de presença de autoria nos textos estudados a partir de duas noções formuladas no presente trabalho: inscrição e ¿escrição¿. Finalizaremos nosso trabalho com considerações a respeito da inclusão do arquivo de textos de psicóticos nas pesquisas da Análise do Discurso.

ASSUNTO(S)

análise do discurso escrita sujeito do discurso autoria sujeito psicose análise textual análise do discurso psicótico lingüística e psicanálise psicolinguística

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