A CRIANÇA NEGRA NA LITERATURA BRASILEIRA : UMA LEITURA EDUCATIVA

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Identidade social, práticas cotidianas (falas, religiões, costumes), fios de esperança (sentimentos, emoções), a constante luta pela sobrevivência e contra a discriminação, desde a escravidão, sempre fizeram parte do universo do segmento negro desde seus primeiros anos de vida, cujos efeitos possuem significados variados e são percebidos ou descritos distintamente por serem frutos de construções históricas, discursivas ou sociais surgidas num dado período e contexto social. Com base nesses pressupostos, traçamos nossos objetivos, cujo eixo principal reside em explicitar a forma como foram construídas, através dos tempos as relações entre crianças negras e não negras e, sobretudo, as identidades étnicas no Brasil. Realizamos um estudo sobre crianças e infâncias negras considerando as tramas sociais contidas, sobretudo nas obras literárias e sugerir fontes para a construção de uma educação com respeito à diversidade. Esse procedimento nos impôs o trato cuidadoso com referencial dos conceitos de representação, prática e apropriação, oferecidos pela Nova História Cultural. Recorremos aos textos literários produzidos por Machado de Assis, especificamente, Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); por José Lins do Rego, Menino do Engenho (1932); por Gilberto Freyre, Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal (1933); Sobrados e Mucambos: decadência do patriarcado rural no Brasil (1936) e por Graciliano Ramos, Infância (1945) com o propósito de refletir sobre a infância da criança negra durante o passado de escravidão, considerando os funestos desdobramentos dessa instituição no presente. Propomos, nesse sentido, apresentar algumas possibilidades de utilização da literatura infantil no processo de formação da identidade da criança negra, baseadas em obras de referencial étnico racial, com destaque para obras infantis como A Bonequinha Preta (1938), de Alaíde Lisboa de Oliveira; Menina Bonita do Laço de Fita (1986), de Ana Maria Machado; O Menino Marrom (1986), de Ziraldo Alves Pinto; A cor da vida (1997), de Semíramis Paterno e O cabelo de Lelê (2007), de Valéria Belém. Para atingir os objetivos propostos, o estudo foi desenvolvido em três capítulos, a saber: 1)A Criança Negra na Historiografia Educacional Brasileira; 2) Sob o Olhar dos Literatos; 3) A Literatura Infanto-juvenil Brasileira e Identidade Étnica. Nossas análises revelaram que a produção contemporânea, sob a influência da lutas sociais, tem proposto novas formas de representação da criança negra nos materiais literários, envolvendo a inserção de traços e símbolos da cultura negra, sobretudo os mecanismos de resistência ao racismo e ao preconceito. Entendemos que no presente ocorreu a valorização da identidade e das diferenças étnico culturais, ensejando o inegável interesse dos escritores da literatura infanto-juvenil em realizar construções discursivas cujos conteúdos são capazes de desconstruir estereótipos negativos. São produções que visam servir de ferramenta para a construção positiva da identidade étnica da criança negra brasileira em sala de aula

ASSUNTO(S)

historiografia brasileira- criança negra- literatura infanto juvenil brazilian historiography black child historia juvenile-children literature

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