A construção literaria da mulher nordestina em Rachel de Queiroz

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Neste trabalho, estuda-se Maria Moura e Beata Maria do Egito, personagens de Rachel de Queiroz, partindo da protagonista de estréia, Conceição, a primeira que não se casou, nem se dobrou ao destino das mulheres de sua época: forte e decidida, entrega-se aos prazeres das leituras, abdicando de sua ligação ao incompatível parceiro amoroso. Maria Moura e Beata Maria do Egito evocam uma multiplicidade de influências que as tornaram fortes e transgressoras das ordens vigentes, seja o patriarcalismo, seja a moral e virtude cristãs. Maria Moura é caracterizada como a chefe de um bando imerso no mundo do cangaço e aproxima-se da donzela-guerreira, trazendo as vestimentas masculinas e o cabelo cortado. Ao transgredir a lei, colocando-se na defesa dos perseguidos pela justiça e praticando inúmeros roubos e assassinatos, revela uma matriz maior, a da matriarca, caracterizada por ser: fazendeira, grande proprietária, destemida e dona do poder. Maria do Egito subverte a religião, entregando seu corpo como forma de continuar lutando pelo Juazeiro de Padre Cícero. Evoca uma matriz hagiográfica, a da Santa Maria Egipcíaca e lembra as hieródulas, cortesãs sagradas do mundo antigo. São apresentadas as diversas matrizes para a concepção das personagens estudadas. Desta forma, são trazidas, quando necessárias, outras personagens da autora, como Guta, Noemi e Dora, e também D. Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva. São tomados da realidade vários modelos, que a auxiliaram na construção de suas personagens: figuras históricas, como a Rainha Elizabeth I; familiares, como dona Rachel e Bárbara de Alencar; matriarcais, como Dona Federalina de Lavras e Marica Macedo.

ASSUNTO(S)

matriarcado modernismo (literatura)

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