A construção de projetos terapêuticos no campo da saúde mental: apontamentos acerca das novas tecnologias de cuidados / The construction of therapeutic projects in mental health field: notes about new care technologies

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A atual Política de Saúde Mental tem como eixo estruturador a construção de redes municipais de serviços. Esta construção requer, além do estabelecimento de normas e da definição de recursos a serem empregados em sua implantação e manutenção, a definição de novas estratégias de cuidado adequadas aos princípios e diretrizes propostas pela política. Neste contexto ganha destaque a forma como os serviços se organizam para desenvolver novas tecnologias de cuidado que consigam materializar as transformações propostas pelo novo modelo. Esta construção requer um olhar atento para a singularidade dos sujeitos e deve considerar que a construção de projetos terapêuticos respeite esta diretriz fundamental, já que trata-se de uma ferramenta central para o desenvolvimento da atenção que busca superar o modelo asilar. A pesquisa buscou conhecer e comparar as proposições teóricas sobre a construção de projetos terapêuticos apresentados pela bibliografia com as concepções utilizadas pelos profissionais que atuam no contexto dos serviços de saúde mental. Configura-se como uma investigação qualitativa nos métodos e formas de encaminhamento e de inspiração etnometodológica na medida em que foi dada ênfase para a experiência vivida como campo para o processo de reflexão. Utilizou-se os procedimentos metodológicos de revisão bibliográfica e entrevistas semi-estruturadas, desenvolvidas no período de setembro a novembro de 2009, com profissionais (Assistentes Sociais, Enfermeiros, Médicos Psiquiatra, Psicólogos e Terapeutas Ocupacionais) inseridos em Centros de Atenção Psicossocial CAPS - II e III do Estado de São Paulo. De acordo com os dados coletados, as concepções apresentadas pelos profissionais se aproximam àquelas propostas pelos autores que discorrem sobre o tema. Os discursos mostram aspectos relacionados à: necessidade de transformação do modelo tradicional; o investimento no protagonismo do usuário; a importância do trabalho em equipe para que as necessidades de saúde possam ser compreendidas; e a importância das parcerias institucionais e com a rede de suporte social para que o princípio da integralidade seja de fato contemplado na construção de práticas de cuidado. Contudo, ao relatarem situações práticas vivenciadas no cotidiano de trabalho apresentaram contradições presentes no processo em curso: dificuldades para construção de um trabalho homogêneo nas equipes; o impacto direto na assistência das distintas formas de gestão; a dificuldade da interlocução tanto com as redes institucionais quanto com as redes de suporte social dos usuários; e por fim, a enorme dificuldade em inserir os usuários como participantes efetivos na construção de práticas de cuidado. De maneira geral, os resultados desta pesquisa apontam para a necessidade urgente da reflexão sobre as práticas que têm sido implementadas nos CAPS. É fundamental que o modelo assistencial desenvolva práticas que tenham foco na vida do sujeito, em suas vulnerabilidades habitacionais, econômicas, afetivas, culturais, familiares e de rede social

ASSUNTO(S)

occupational therapy desenvolvimento tecnológico reforma dos serviços de saúde serviços comunitários de saúde mental reform of healthy services community mental healthy services mental health services serviços de saúde mental terapia ocupacional technological development

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