A associação ouro-materia carbonacea e implicações na genese de mineralizações auriferas filoneanas / The gold carbonaceous-matter association and implications on the genesis of lod gold mineralizations

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Litotipos carbonosos comumente hospedam ou ocorrem associados a mineralizações auríferas filoneanas nos depósitos mesotermais da Fazenda Canto (FC) e Fazenda Maria Preta (FMP), na seqüência Paleoproterozóica do Greenstone Belt do Rio Itapicuru, NE Brasil. Nestes depósitos, a matéria carbonácea (MC) ocorre principalmente como: (i) bandas retas a anastomosadas (Tipo I); (ii) grãos individuais compostos por agregados de sub-grãos altamente anisotrópicos (Tipo II); ou (iii) grãos individuais com textura interna homogênea (Tipo III). Estudos de espectroscopia Raman indicaram que estes tipos de MC correspondem a alguma forma de material grafítico microcristalino desordenado e definem um trend de grafitização do depósito FMP para o depósito FC, que é interpretado como sendo o resultado de diferentes graus de maturação da MC, que foi alcançado durante o metamorfismo regional no fácies xisto-verde e o alojamento de corpos graníticos no Greenstone Belt do Rio Itapicuru. Estudos de inclusões fluidas revelaram que os veios de quartzo mineralizados são dominados por populações de inclusões ricas em CO2 (Tipo 1), contudo grupos de inclusões H2OCO2 (Tipo 2) primárias, de baixa salinidade (<5% eq. NaCl), compreendem o tipo de inclusões dominantes em apenas alguns veios. Ambos os tipos de fluidos mineralizantes podem ser interpretados como parte de um sistema hidrotermal magmático-metamórfico profundo. No depósito FC, o geotermômetro da clorita (variedade ripidolita - limite inferior) e a paragnese sulfetada (arsenopirita-pirita-pirrotita - limite superior) indicaram limites de temperatura para a deposição do ouro entre 390ºC e 491ºC, com pressões estimadas entre 2.4 a 4.6 kbars, respectivamente. A MC do depósito FMP é isotopicamente mais leve (g13C= -23.3 0/00 a -30.8 0/00) do que a MC do depósito FC (g13C= -18.5 0/00 a -21.0 0/00) Estes valores de g 13C, juntos com as evidências geológicas apontam uma origem biogênica orgânica para a MC. Os composição de g13C calculada do CO2 derivado da oxidação ou hidrólise da MC, aplicando o equilíbrio isotópico calcita-grafita, produziu valores de g13C no intervalo de -9.3 °/00 a -12.8 °/00 entre 390°C e 491°C. Estes valores de 813C calculados são menores do que aqueles obtidos Rara carbonatos do depósito FC (-4.8 °/00 a -8.9 °/00). Por outro lado, os valores da composição de g13C calculada de CO2 de paleo-fluidos responsáveis pela formação de carbonatos (calcita-ankerita), aplicando o equilíbrio calcita-CO2, produziu valores no intervalo de -2.3 °/00 a -6.6 °/00 para temperaturas entre 390°C e 491°C. Estes valores de g13C calculados são compatíveis com o intervalo obtido para inclusões fluidas do depósito FC (-2.8 °/00 a 4.9 °/00) e confirmam que os minerais de alteração de carbonato foram formados pela ação de fluidos oriundos de fonte magmática ou metamórfica profunda. O processo de maturação termal da MC contribuiu pouco para mudanças na composição química e isotópica do fluido mineralizante. Com relação à deposição do ouro, a MC provavelmente atuou como: (1) uma barreira química, reduzindo a 102 do fluido mineralizante ou promovendo a imiscibilidade do fluido pela adição de pequenas quantidades de CH4 e N2 à fase fluida; elou (2) uma barreira física, adsorvendo ouro sobre sua superfície como carvão ativado. Adicionalmente, a MC pode ser usada como um guia indireto na prospeção de mineralizações auríferas

ASSUNTO(S)

carbonaceous matter gold carbon isotope carbono - isotopos ouro - minas e mineração

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