A imiscibilidade de fluidos em mineralizações auriferas do tipo lode na Bacia Paleoproterozoica de Jacobina, BA

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

A Bacia Paleoproterozóica de Jacobina contém metaconglomerados auríferos do tipo Witwatersrand que são economicamente importantes e, subordinadamente, mineralizaçães auríferas epigenéticas sub-econômicas, representadas por brechas hidráulicas e sistemas de veios de quartzo hospedados em metaconglomerados (domínio I) e no contato entre quartzito e rochas máficas/ultramáficas intrusivas (domínio 11). Estudos petrográfico, microtermométrico e por microespectrometria Raman de inclusões fluidas contidas em quartzo associado aos domínios I e 11 revelaram três tipos composicionais de inclusões primárias/pseudosecundárias: inclusões (AC) constituídas por H20-C02(:tCH4), de baixa salinidade (média de 2% em peso eq. NaCI) e com razão C02/H20 variável (O, 1~C02:::;;O,8); inclusões (C) ricas em C02(:tCH4) com Vco2~,8; e inclusões aquosas (A) de baixa salinidade, contendo pequenas quantidades de C02. As inclusões AC predominam no domínio I, enquanto as inclusões C prevalecem no domínio 11. O pequeno conteúdo em CH4 (:::;;4 mol%) está restrito ao domínio 11. Inclusões aquosas secundárias de salinidade variável interceptam todos os outros tipos de inclusões e são interpretadas como decorrentes de um regime de fluido ativo durante o soerguimento, posterior à formação da mineralização. Feições texturais fornecem fortes evidências da associação temporal e espacial das inclusões AC, C e A. Em ambos os domínios, a homogeneização da fase carbônica indicou uma variação na densidade do C02 de 0,47 a 0,98 g/cm3 para as inclusões AC e de 0,61 a 1,02 g/cm3 para as inclusões C. As inclusões AC com Xco2::;;33 mol% e 22::;;V::;;35 cm3/mol mostraram homogeneização total para a fase aquosa no intervalo de 215°C a 340°C, enquanto as inclusões AC com Xco2~34mol% e V~31cm3/mol homogeneizaram para a fase carbônica no intervalo de 210°C a 360°C. Os dados obtidos através da análise global de gases por espectrômetro de massa quadrupólo mostraram um nítido fracionamento de voláteis (CH4, N2, C02, H28 e 802) em direção à fase carbônica. Os dados obtidos a partir das inclusões fluidas, tais como: (a) a presença de assembléias de inclusões com XC02 variável, atribuído ao aprisionamento heterogêneo; (b) a existência de inclusões ricas em H20 e ricas em C02 contemporâneas em uma assembléia, interpretadas como os membros extremos de um fluido aquo-carbônico imiscível; (c) a homogeneização total tanto para a fase aquosa como para a fase carbônica no mesmo intervalo de temperatura: e (d) o fracionamento de voláteis para a fase vapor durante sua separação da solução, satisfazem os requerimentos da imiscibilidade. A adequação dos dados Xco2-TH à curva de solvus experimental assegura a ocorrência da separação de fases no sistema H20-NaCI-C02-(:tCH4). Conforme a análise global de voláteis, o comportamento da razão C02/CH4 sugere que o fluido aquo-carbônico homogêneo foi submetido a um estágio avançado de imiscibilidade. O alto grau de imiscibilidade provocou uma separação física quase completa entre as fases aquosa e carbônica e pode explicar o predomínio de inclusões ricas em C02 no domínio 11. A imiscibilidade de fluidos é um processo episódico produzido pela flutuação cíclica da pressão do fluido durante a ascensão da solução hidrotermal ao longo de descontinuidades estruturais e a formação da brecha e veios de quartzo. Com base nestas evidências, combinado com a natureza das litologias hospedeiras (e.g. quarto não reativo é o mineral dominante nos metaconglomerados e quartzitos), a imiscibilidade foi o principal mecanismo responsável pela deposição do ouro, que, neste contexto, ocorreu entre 200°C e 350°C e de 1,0 a 2,5 kbar

ASSUNTO(S)

ouro - jacobina serra de (ba) inclusões fluidas

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