Traços funcionais como preditores da similaridade funcional entre sub-bosques de florestas estacionais semideciduais: subsídios para a conservação destes ecossistemas

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

29/02/2012

RESUMO

CAPÍTULO 1: As variáveis ambientais do sub-bosque condicionam o desenvolvimento de uma flora e, consequentemente, de uma estrutura funcional muito específica para este estrato. Este estudo avaliou a diversidade florística e a fenologia foliar e síndrome de dispersão das espécies arbóreas em nove sub-bosques de florestas estacionais semideciduais sob diferentes estádios de perturbação e testou a hipótese de que o aumento na intensidade de perturbação da comunidade afeta diretamente a diversidade florística e a estrutura funcional dos sub-bosques. Foram avaliados os parâmetros fitossociológicos das espécies e famílias, e a estrutura de cada sub-bosque e nos sub-bosques como um todo. A similaridade florística foi avaliada entre os nove sub-bosques e, entre os sub-bosques sob mesma intensidade de perturbação. A fenologia foliar e síndrome de dispersão das espécies foi comparada entre o sub-bosque e os estratos superiores em cada área e, entre os sub-bosques. Os resultados apontaram Myrtaceae, Rubiaceae, Celastraceae, Siparunaceae e Meliaceae como as cinco famílias mais importantes. As cinco espécies mais representativas foram Cheiloclinium cognatum, Cordiera sessilis, Siparuna guianensis, Siphoneugena densiflora e Trichilia catigua. As análises de similaridade florística mostraram maior similaridade florística entre os sub-bosques sob mesma intensidade de perturbação e que, algumas espécies e famílias podem ser indicadoras do estádio de perturbação do sub-bosque. As comparações de fenologia foliar e síndrome de dispersão mostraram uma proporção muito baixa de espécies decíduas e anemocóricas no sub-bosque em relação aos estratos superiores. Nas comparações destes traços entre os sub-bosques, observou-se um aumento significativo nas proporções de espécies decíduas nos estádios mais perturbados, mas não nas proporções de espécies anemocóricas. Os resultados obtidos mostraram que, mesmo com diversidades florísticas muito distintas, foi possível estabelecer padrões funcionais relacionados à fenologia foliar e síndrome de dispersão dos sub-bosques e, sugerem que a análise destes traços pode servir como parâmetro na classificação dos estádios sucessionais das florestas estacionais semideciduais em uma perspectiva global de comparação. CAPÍTULO 2: As espécies de sub-bosque, um ambiente tipicamente sombreado, apresentam traços funcionais que potencializem a fotossíntese sob baixas intensidade de luz. O provável aumento da disponibilidade de luz no sub-bosque com o aumento da intensidade de perturbação provoca alterações nos traços funcionais foliares e de arquitetura arbórea, relacionadas à captação e utilização da luz das espécies deste estrato. Também é esperado que a seleção de espécies nos sub-bosque sob diferentes intensidades de perturbação favoreça grupos de espécies com características funcionais diferentes. Este estudo avaliou a influência da intensidade de perturbação nos traços funcionais foliares (área foliar, conteúdo de matéria seca e área foliar específica), da arquitetura da copa e da densidade de madeira das espécies de nove sub-bosques sob diferentes regimes de perturbação. Também foi avaliada como a variabilidade dos traços funcionais foliares está distribuída nos níveis inter/intraespecíficos, e a diferenciação das espécies com base nos traços funcionais. A diversidade funcional entre os sub-bosques foi estimada a partir dos índices de riqueza, equabilidade e divergência funcional e dos valores de área foliar específica das espécies. Os resultados mostrararam qua a variabilidade dos traços foliares estão concentrados no nível interespecífico e, assim, tem grande importância na diferenciação funcional das espécies. O aumento da intensidade de perturbação no sub-bosque favoreceu a seleção de espécies com maior área foliar específica, contrariando muitos estudos que observaram uma redução neste traço com o aumento da perturbação. As diferenças nas densidades relativas das espécies funcionalmente similares nos diferentes estádios de perturbação permitiram estabelcer um modelo de sucessão para os sub-bosques de florestas estacionais semideciduais. Os resultados obtidos também mostraram que sub-bosques com baixa similaridade florística podem ser funcionalmente muito similares. Os índices de diversidade funcional permitiram estabelcer relações entre a diversidade funcional e o estádio de conservação dos sub-bosques. A grande variação nos traços funcionais das espécies permitiram identificar diferentes estratégias na absorção e utilização da luz no sub-bosque e, portanto, podem explicar a alta coexistência de espécies no sub-bosque.

ASSUNTO(S)

estratificação traços funcionais regime de perturbação similaridade florística similaridade funcional Área foliar específica diferenciação de nichos diversidade funcional botanica comunidades vegetais ecologia vegetal florestas - preservação stratification functional traits disturbance floristic similarity functional similarity specific leaf area niche distinction funcional diversity

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