Jovens com diagnóstico de deficiência mental : uma intervenção em grupo a partir de pressupostos da criatividade

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Objetivou-se construir e analisar um projeto de intervenção em um grupo de jovens com diagnóstico de deficiência mental, a partir de recursos da área da Criatividade. Participaram duas mediadoras (a professora e a pesquisadora) e dez estudantes de uma Classe Especial de uma escola pública do DF. Dezoito encontros realizados duas vezes por semana foram filmados. Pré-planejados, abordaram temas de interesse de jovens. Foram empregadas metodologias Quantitativa e Qualitativa: análises estatísticas por meio do SPSS e métodos qualitativos Observação, Interpretação e Video-filmagem. Analisou-se treze encontros sob três períodos (inicial, encontros 1, 2, 3, 4, 5; intermediário, 6, 7, 8, 9; e final, 13, 14, 16, 17). Os resultados indicaram diferenças significativas na quantidade das participações criativas dos estudantes (fluência), avaliadas por meio do Teste t pareado, ocorrendo aumento significativo de participações do período intermediário para o final e do período inicial para o final. O teste apontou diferenças significativas em características sócio-afetivas do período final em relação ao inicial. Houve crescimento significativo em flexibilidade nas participações dos estudantes entre os três períodos. Ocorreram, significativamente, mais participações com elaboração no período final em comparação com o intermediário. Diferenças significativas nas participações com crítica ocorreram, apenas, no período intermediário em comparação com o período inicial. Não foram encontradas diferenças significativas de participação em termos de originalidade. A Video-filmagem permitiu observar que os estudantes estabeleceram responsabilidade mútua quanto aos objetivos do projeto, que demonstraram condições de identificar e solucionar problemas, de se defender diante de situações adversas impostas por seus pares, de se expressar com auto-estima, de auto-refletir, de agir com autonomia, de construir novos conceitos, de fazer projetos para o futuro, de compreender convenções sociais, de relacionar vivências do grupo com experiências práticas da vida, de empregar qualidade na realização de tarefas, de corresponder com propostas desafiadoras e atender a altas expectativas de desempenho. As mudanças observadas durante o projeto foram, multidirecionalmente, associadas à situação de grupo, às interações pessoais, à mediação, aos temas e aos recursos da Criatividade utilizados. Desfavoreceram o trabalho de intervenção: interferência de barulhos externos, falta de condições ambientais propícias da escola, interferência de mães em algumas atividades, tratamento diferenciado com alguns alunos percebidos como vulneráveis, tempo reduzido para pensarem e agirem de modo criativo, planejamento excedente de atividades, orientações rápidas de procedimentos e presença de estudante em condições psicológicas muito desviante da maioria do grupo. De modo geral, pode-se argumentar que ocorreram ganhos no desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo dos jovens durante o projeto. Conclui-se que os recursos da Criatividade fomentam desenvolvimento escolar dos estudantes com deficiência mental e favorecem o trabalho de intervenção educacional.

ASSUNTO(S)

criatividade deficiência mental psicologia grupo jovens intervenção

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