Etnobotânica e etnomedicina na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé, baixo rio Negro: plantas antimaláricas, conhecimentos e percepções associadas ao uso e à doença

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

11/05/2011

RESUMO

O conhecimento tradicional sobre o uso das plantas é vasto e em muitos casos é o único recurso disponível que a população rural de países em desenvolvimento tem ao seu alcance. As plantas usadas como remédio quase sempre têm posição predominante e significativa nos resultados das investigações etnobotânicas de uma região ou grupo étnico. Sendo assim, estudar duas comunidades rurais nas proximidades de Manaus-AM por meio de levantamento etnobotânico com ênfase em espécies antimaláricas é o objetivo deste trabalho. Foram resgatadas informações sobre as plantas utilizadas, finalidades e posologia, além da percepção sobre a malária (doença e cura). Adicional a isso foram realizadas determinação botânica das etnoespécies relatadas e análise de gênero. As comunidades São João do Tupé (SJT) e Julião (J) localizam-se na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Tupé (RDS), baixo rio Negro. Os dados foram obtidos através de entrevistas semi-estruturadas e oficinas aliadas à técnica da turnê-guiada nos quintais e floresta. Foram calculados os índices de diversidade de Shannon-Wiener, de equitabilidade, concordância quanto ao uso principal (CUP), valor de uso (VU) e valor de importância (IVS). Foram registradas 114 e 131 etnoespécies nas comunidades SJT e J respectivamente, sendo 20 citadas especificamente para tratamento de malária e seus males no SJT e 62 no J. Nos quintais da comunidade SJT foram encontradas 114 etnoespécies sendo 71 medicinais, 43 frutíferas e 13 hortaliças. As famílias botânicas mais representativas no levantamento foram: Asteraceae, Lamiaceae, Fabaceae, Apocynaceae, Solanaceae, Arecaceae e Rutaceae. Os índices de Shannon-Wiener (H) foram 1,18 e 1,62 decits no SJT e J, respectivamente enquanto que os índices de equitabilidade foram de 0,91 no SJT e 0,90 no J. Destacaram-se para tratamento de malária quanto ao CUP: Bonamia ferruginea (Choisy) Hallier f. (87,5%), Aspidosperma sp. (75%), Ampelozizyphus amazonicus Ducke (50%) no SJT e Geissospermum sericeum Benth &Hook. f. ex Miers e Ampelozizyphus amazonicus (31,25%), Vernonia condensata Becker (68,75%), Persea americana Mill. e Euterpe precatoria Mart. (62,50%) no J. Em relação ao levantamento feito nos quintais no SJT, as espécies medicinais que obtiveram maior VU e IVS foram: Bonamia ferruginea, Euterpe precatoria, Cymbopogon citratus (DC.) Stapf. e Aspidosperma sp. Quanto às frutíferas, as espécies que obtiveram maior VU e IVS foram: Theobroma grandiflorum Schum., Astrocaryum aculeatum Meyer, Anacardium occidentale L. e Inga edulis Mart. Em relação às hortaliças, as espécies com maior VU e IVS foram: Allium schoenoprasum L., Eryngium foetidum L. e Cucumis anguria L. Algumas espécies citadas neste trabalho para o tratamento de malária e males associados não foram encontradas em outros levantamentos etnobotânicos realizados na América Latina e ressaltam a importância do conhecimento, do uso destas plantas e a necessidade de novos estudos. Em relação à análise de gênero, os homens citaram 136 usos para as plantas e as mulheres 100. Quanto à percepção sobre malária é possível afirmar que os moradores possuem conhecimento satisfatório sobre a doença e sua gravidade, formas de transmissão, tratamento e prevenção.

ASSUNTO(S)

malária - plantas medicinais reserva de desenvolvimento sustentável do tupé (am) botanica etnobotânica

Documentos Relacionados