Estudo do metabolismo intermediário e da lipoperoxidação de Hyalella curvispina e Hyalella pleoacuta (crustacea, amphipoda, dogielinotidae) e padronização destas espécies como bioindicadores ambientais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Segundo a Environmental Protection Agency (EPA) para um organismo ser selecionado para testes de toxicológicos é necessário que se conheça: a distribuição da espécie, sua localização dentro da estrutura trófica, sua biologia, seus hábitos nutricionais, sua fisiologia e por fim que sejam desenvolvidas técnicas de manutenção de cultivo destes organismos em laboratório. Visando estas regras este trabalho foi dividido em quatro partes: No primeiro trabalho o amphipoda Hyalella curvispina foi coletado mensalmente de setembro 2003 a agosto 2005, na lagoa de Gentil, Tramandaí, Rio Grande do Sul, Brasil, e diferentes parâmetros bioquímicos e a lipoperoxidação foram medidos. Os resultados sugerem que estes animais armazenam e degradam de forma sazonal as reservas energéticas investigadas. Durante o verão, o glicogênio, os lipídios totais, e os triglicerídeos foram armazenados, e utilizados durante o outono e o inverno. As fêmeas armazenam proteínas na primavera e usam no verão; enquanto que os machos armazenam as proteínas na primavera e usam no inverno. Os níveis do lipoperoxidação durante o ano diferiram entre fêmeas e machos. Estas variações podem estar relacionadas aos fatores bióticos (ex. período reprodutivo) e aos fatores abióticos (ex. temperatura de água, salinidade). No segundo trabalho foi comparado o efeito de variações sazonais no metabolismo energético e nos níveis de lipoperoxidação de duas espécies simpátricas de amphipoda, H. pleoacuta e H. castroi. Os animais foram coletados mensalmente de abril 2004 a março 2006, no Vale das Trutas no município de São José dos Ausentes. As análises estatísticas revelaram diferenças sazonais significativas na composição bioquímica, bem como, diferenças entre sexos e espécies. Os fatores ambientais (ex., condições tróficas) e a reprodução pareceram ser os principais processos que influenciam os padrões sazonais da composição bioquímica. No terceiro trabalho nós comparamos variações no metabolismo energético, nos níveis de lipoperoxidação e de parâmetros reprodutivos de duas espécies de amphipoda, H. pleoacuta e H. curvispina mantido com duas dietas diferentes. Os animais foram coletados no inverno de 2004 e de 2005. No laboratório, os animais foram mantidos submersos em aquários sob circunstâncias controladas, alimentados ad libitum por 30 dias com dieta 1 (somente macrófitas) ou dieta 2 (macrófitas e ração). A análise estatística revelou diferenças significativas na composição bioquímica entre os sexos e as dietas. A dieta 1 mimetizou a restrição calórica, pois ocorreu uma depleção do glicogênio e das proteínas totais nas duas espécies e sexos, este fato é reforçado por uma diminuição nos níveis do lipoperoxidação. Nos amphipoda alimentados com a dieta 2, estes padrões metabólicos foram revertidos. A dieta 2 forneceu informações valiosas a respeito da manutenção adequada em laboratório para experimentos toxicológicos. As exigências calóricas das espécies foram supridas somente com a dieta 2, que forneceu mais carboidratos, proteínas e lipídios. O quarto estudo investigou os efeitos do Carbofuran no metabolismo energético, na lipoperoxidação e na atividade do Na+/K+ATPase, e em parâmetros reprodutivos nos amphipoda H. pleoacuta e H.curvispina. Os animais foram coletados no inverno de 2006. No laboratório, os animais foram mantidos submersos em aquários sob circunstâncias controladas e expostos ao Carbofuran numa dose de 5 ou 50μg/L por um período de 7 dias. A análise estatística revelou que o pesticida induz diminuições significativas no glicogênio, nas proteínas, nos lipídios, nos triglicerídeos, e na Na+/K+ATPase, bem como, um aumento significativo nos níveis de lipoperoxidação. O estudo dos parâmetros bioquímicos parece ser promissor, a fim de avaliar e predizer os efeitos dos pesticidas em organismos do não-alvo. Os resultados sugerem também que os parâmetros reprodutivos (formação dos pares, fêmeas ovígeras e número médio dos ovos) podem ser critérios sensíveis para avaliar efeitos ecotoxicológicos. Além disso, H. pleoacuta e H. curvispina são organismos apropriados para o uso em testes de toxicidade, e nós sugerimos que são espécies sensíveis que poderiam ser usadas para monitorar estudos

ASSUNTO(S)

ecologia crustÁceos indicadores ambientais ecotoxicologia ecossistema aquÁtico - toxicologia zoologia bioindicaÇÃo

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