DO SILÊNCIO À PALAVRA: o discurso de Santa Clara De Assis. / DU SILENCE À LA PAROLE: le discours de Sainte Claire d Assise.
AUTOR(ES)
Edinha Maria de Jesus
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
10/05/2012
RESUMO
Este trabalho aborda o discurso nos escritos de Santa Clara de Assis: a Forma vitae, o Testamento e cinco cartas. Buscou-se: verificar a liberdade de escolha de Clara de Assis e mostrar que ela foi partícipe da sociedade disciplinar como objeto disciplinado e sujeito disciplinador; entender em que medida ela foi silenciada e, ao mesmo tempo, concorreu para o silenciamento de outras vozes, identificando as pistas de silenciamento nos seus escritos; observar sua constituição em sujeito enquanto produtora de sentidos. Utilizou-se o dispositivo de análise proposto por Orlandi (1984; 2002), mediado por postulados da Análise do Discurso Francesa, privilegiando-se o recorte histórico / ideológico defendido por Pêcheux (1988) e Orlandi (2007; 2008), pelas reflexões de Bakhtin (1997) acerca dos gêneros discursivos e de Foucault (2010; 2009) sobre a sociedade disciplinar e o silenciamento. Na análise, verificou-se que, combinando verdades‟ em um discurso próprio, Clara se tornou partícipe de uma sociedade de discurso religioso, preservando e produzindo discursos de modo a se apresentar disciplinada e disciplinadora. Também, observou-se que a Forma vitae, em que a individualidade de Clara aparece mais opacamente devido ao seu caráter normativo, é o único escrito com força legal legitimamente sancionada pela máxima autoridade eclesiástica católica e em conformidade com os princípios evangélicos. No entanto, foi o escrito que mais rapidamente saiu de circulação. Legítimo, porém, silenciado, guardado e quase enterrado com sua autora, ele seria o maior testemunho da força discursiva de Clara. Evidenciou-se que, tendo acedido à sociedade de discurso religioso e apresentado um discurso com marcas singulares, caracterizado pela conciliação do ideal pauperista ao monaquismo, Clara traduziu um interdiscurso comum ao seu credo, compartilhando formações ideológicas do seu entorno materializadas em distintas formações discursivas. Concluiu-se que Clara de Assis foi fundamental para a renovação do Monaquismo ao inserir nessa forma de vida religiosa marcada pela estabilidade o apreço à pobreza radical.
ASSUNTO(S)
francisco de assis vida religiosa pobreza discurso sociedade disciplinar clara de assis letras la société disciplinaire claire d assise discours la pauvreté la vie religieuse règle canonique regra canônica
ACESSO AO ARTIGO
http://bdtd.ufs.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=868Documentos Relacionados
- O controle jurisdicional do silêncio administrativo
- O(s) sentido(s) de democracia no discurso do Partido dos Trabalhadores.
- O silêncio e a voz do texto teatral em francês, língua estrangeira
- Corporeidades em tempos de biopoder: o discurso midiático sobre o cuidado com o corpo
- O humanismo da palavra: rabelais e o discurso do homo ridens