Distúrbio de voz em professores: identificação, avaliação e triagem / Voice disorders in teachers: identification, assessment and screening

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/10/2012

RESUMO

Professores têm na voz a sua principal ferramenta de trabalho. A correta identificação de um distúrbio por meio de métodos eficientes de avaliação e triagem contribuirá para o planejamento de ações e delineamento de políticas públicas específicas para essa população. Objetivo: analisar os diferentes métodos de identificação e avaliação do distúrbio de voz e propor um instrumento para triagem desse distúrbio em professores. Método: Os sujeitos deste estudo são 252 professoras da rede municipal de São Paulo, que tiveram suas vozes gravadas, e posteriormente analisadas por três fonoaudiólogas, que utilizaram a escala GRBASI para classificar a qualidade vocal dos sujeitos (com ou sem alteração). No mesmo dia da gravação os sujeitos realizaram exame perceptivo-visual das pregas vocais, e o médico otorrinolaringologista responsável classificou as imagens (com e sem alteração). As professoras responderam também às questões relativas ao domínio de Aspectos Vocais do questionário Condição de Produção Vocal do Professor (CPV-P), e ao Índice de Desvantagem Vocal (IDV). Os dados foram duplamente digitados e submetidos a análise estatística, realizada com dois objetivos: 1) - verificar a concordância entre a avaliação perceptivo-auditiva da voz e de pregas vocais apenas nas professoras com queixa vocal, e 2) desenvolver e validar um instrumento de triagem para o distúrbio de voz em professores. A fim de se estudar a concordância entre as duas formas de avaliação, foi calculado o coeficiente de correlação Kappa (k), com nível de significância p ≤0.05. Para desenvolver o instrumento de triagem foram utilizados os dados de 130 professoras (Amostra A) com e sem distúrbio de voz. Realizou-se uma análise fatorial exploratória a partir da lista de 21 sintomas vocais que compõem o domínio de Aspectos Vocais do CPV-P, e foram selecionados os itens que obtiveram coeficiente de correlação maior do que 0.50. Traçou-se uma curva ROC a fim de identificar o melhor ponto de corte para seleção de professoras que poderiam ter um distúrbio de voz, e calculou-se o coeficiente alfa de Cronbach (α) para avaliar a consistência interna do escore. A validação externa do instrumento foi realizada a partir dos dados dos 122 sujeitos restantes (Amostra B). O escore de cada sujeito foi calculado, e a consistência interna dos dados foi analisada por meio do coeficiente alfa de Cronbach (α). A seguir, foram calculados os escores médios e Intervalos de Confiança de 95%. A associação entre os escores obtidos e o resultado da avaliação pela escala GRBASI foi calculada por meio do teste do quiquadrado (p≤0,05), e a validade concorrente foi analisada por meio do cálculo do coeficiente de correlação de Spearman (r) entre o escore do instrumento proposto e os resultados do IDV. Resultados: A concordância bruta entre a avaliação da voz e avaliação das pregas vocais foi 77,9, e o índice de concordância Kappa entre as duas avaliações foi k = 0,40 (p <0,001). Os 12 sintomas selecionados pela análise fatorial para compor o índice de triagem para distúrbio de voz (ITDV) foram: rouquidão, perda da voz, falha na voz, voz grossa, pigarro, tosse seca, tosse com secreção, dor ao falar, dor ao engolir, catarro na garganta, garganta seca, e cansaço ao falar. O coeficiente alfa de Cronbach para a amostra A foi α = 0,86. O escore foi definido como a somatória simples do número de sintomas presentes e o ponto de corte estabelecido foi de cinco pontos. O coeficiente alfa de Cronbach para a amostra B foi α = 0,89. Para essa amostra, a sensibilidade do instrumento com o ponto de corte = 5 foi 92% e especificidade 39%. Foi encontrada associação estatisticamente significativa (p ≤0,001) entre o escore no ITDV e a avaliação da qualidade vocal realizada por meio da escala GRBASI. Também houve correlação estatisticamente significativa (p ≤0,001) entre o escore total do IDV e a pontuação no ITDV e o mesmo também ocorreu quando comparados cada domínio do IDV e o escore do ITDV. Considerações Finais: A associação entre avaliação perceptivo-auditiva da voz e avaliação de pregas vocais deve ser considerada padrão ouro no diagnóstico de distúrbio de voz. O ITDV é um instrumento válido para triagem e possui alto grau de sensibilidade. Assim, seu uso deve auxiliar no mapeamento do distúrbio de voz do professor, bem como no planejamento de ações de saúde pública e delineamento de políticas públicas referentes à saúde vocal dessa categoria profissional

ASSUNTO(S)

voz docentes distúrbios da voz avaliação de voz epidemiologia fonoaudiologia voice faculty voice disorder evaluation of voice epidemiology

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