Who needs cares in the home? Investigating the profiles of the people in domiciliary care for Teams of Health of the Family in city of São Paulo / Quem precisa de cuidados no domicílio? Investigando os perfis das pessoas atendidas por Equipes de Saúde da Família no município de São Paulo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Face às transições demográfica e epidemiológica observadas no Brasil nas últimas décadas, muitos autores têm discutido as alterações nos perfis saúde-doença das populações. Assim como vêm crescendo o número de idosos, graças aos ganhos obtidos com os avanços tecnológicos na área da saúde e o controle das doenças infecto-contagiosas, verifica-se um importante aumento do número de pessoas com doenças crônico-degenerativas, que muitas vezes carreiam consigo incapacidades e dependência. Numa cidade como São Paulo também é digno de nota o expressivo incremento da violência urbana, expressão das desigualdades impostas pela vigência do sistema capitalista e das políticas de ajuste neoliberal em nosso país. Os que sobrevivem aos acidentes por armas de fogo ou de trânsito, não raro apresentam mutilações ou deficiências físicas com limitações importantes, para os quais os cuidados domiciliários podem representar uma importante estratégia para que se garanta a equidade prevista pelo Sistema Único de Saúde. Pautada pela determinação social do processo saúde-doença, buscou-se compreender as desigualdades sociais e de saúde associadas à distribuição da população em atendimento domiciliário por equipes de Saúde da Família do MSP à luz do Atlas da Exclusão Social no Brasil. Para tanto foi feito o levantamento, por meio de dados secundários, do perfil das pessoas com perdas funcionais e dependência atendidas por 111 (60%) de 185 Unidades de Saúde da Família presentes em 25 das 31 Subprefeituras do MSP em agosto de 2003, abrangendo 45 (66%) dos 96 distritos administrativos da capital, resultando numa amostra de 7.160 pessoas. Utilizando os softwares SPSS® 13.0 e EPI-INFO 2000 versão 3.3.2, os distritos administrativos pesquisados foram agrupados, por meio de uma análise de cluster, tendo por variável base o Índice de Exclusão Social. Em seguida, procedeu-se a descrição estatística das variáveis sexo, idade, grau de incapacidade, patologia, uso de oxigenoterapia, uso de sonda, presença de úlcera por pressão e uso de traqueostomia, cruzando-as entre si e comparando-as nos quatro grupos resultantes da análise de cluster. Efetuou-se o cálculo da correlação entre variáveis e o Índice de Exclusão (Iex) e os indicadores de vida digna, escolaridade e violência. Verificou-se prevalência de idosos (75%), com incapacidade leve (32%) e pouca ou nenhuma complexidade de cuidado (92%), sendo o acidente vascular cerebral (AVC) a doença precursora do atendimento (18%). Apesar de as mulheres serem maioria (60%), quanto maior a exclusão social, maior a proporção de homens com menos de 60 anos e crianças com severa incapacidade e maior complexidade de cuidado. Nos grupos com maior exclusão há proporcionalmente mais homens não idosos com severa incapacidade e maior complexidade de cuidado, sendo o AVC a doença predominante. Já nos grupos de menor exclusão há mais mulheres idosas com incapacidade leve e moderada e menor complexidade de cuidado, sendo o AVC e a hipertensão as doenças principais. Foram encontradas correlações negativas significativas entre o Iex e uso de sonda e traqueostomia, AVC não especificado, fratura de outros ossos dos membros neoplasia de laringe e outros efeitos de causas externas, e positivas entre aquele índice e linfoma não Hodgkin. Observaram-se diferenças no perfil dos distritos estudados de acordo com a exclusão social. Os achados estatísticos vasculharam diferenças nos perfis de saúde-doença de certos grupos sociais, permitindo levantar suspeitas sobre quem são as pessoas que precisam ser assistidas em suas casas. Aquelas em maior exclusão social, além de serem mais numerosas que as outras, apresentaram maior gravidade e complexidade de cuidado. O sentido desses seus achados merece ser investigado com mais substrato teórico, com amostras representativas da população, valendo-se de instrumentos que captem todas as dimensões do processo saúde doença. Faz-se necessário não só discutir a dificuldade de as pessoas acessarem os serviços, mas a potência do PSF em atingi-las, potencializando a diminuição da exclusão sócio-espacial, principalmente se, além de excluída, essa pessoas são portadora de necessidades especiais que demandam assistência no próprio domicílio

ASSUNTO(S)

condições de vida cuidados primários de saúde home nursing health profile primary health care social conditions cuidados domiciliares de saúde perfil de saúde

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