We don t want to be traditional, but... how shall we do it, then? : Curriculum innovation and the popularized debate about Portuguese language and teaching / A gente não quer ser tradicional, mas... como e que faz, dai? : a inovação curricular e o debate popularizado sobre lingua portuguesa e ensino

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa se insere no campo da lingüística aplicada transdisciplinar de orientação crítica e etnográfica e resulta da busca pela compreensão das relações entre o debate popularizado sobre língua portuguesa e ensino e as demandas de inovação curricular ocasionadas pelo projeto de desenvolvimento e modernização do país. O problema de pesquisa foi articulado a partir da minha experiência enquanto formadora e professora de lingüística em um curso de Letras de uma universidade privada no interior de Santa Catarina. Um dos objetivos da tese foi analisar as condições sócio-históricas e políticas de produção do debate e sua relação com a demanda globalizante de inovação curricular. Para atingir esse objetivo, focalizei as obras produzidas, no período de 1997 a 2007, por dois dos protagonistas do debate: Marcos Bagno e Pasquale Cipro Neto. A análise do debate em escala nacional evidenciou que Bagno faz uso estratégico dos enquadres científico, polarizador, militante e pedagógico para construir autoridade ?em nome da ciência?, frente ao público em geral, e, mais recentemente, para analisar e propor políticas de educação lingüística, frente à academia e aos professores de língua portuguesa. Já Pasquale, faz uso dos enquadres científico, normativo e lúdico, para se aproximar da ciência e dos discursos oficiais de renovação do ensino e, assim, afastar-se da imagem de professor de português tradicional. Os resultados sugerem que, apesar dos esforços de Bagno por atuar no modelo polarizador, Pasquale constantemente desfaz as fronteiras entre lingüística e tradição gramatical popularizada, evidenciando que o debate se desenvolve em campos de forças e de lutas marcados por tensões para manter ou mudar a ordem e as hierarquias disciplinares. O outro objetivo da tese foi examinar a configuração da demanda por inovação no curso de Letras a partir de onde realizei minha investigação. Os dados para esta análise resultaram sobretudo do trabalho de campo realizado em 2003 e 2004, período em que o curso passava pela reforma de seu próprio currículo. Tal análise evidenciou que as forças produtoras da demanda local por inovação no estudo/ensino de língua portuguesa eram múltiplas: o mercado, a escola, o Estado, a divulgação científica e a mídia. A análise também mostrou que os agentes re/con/textualizam metadiscursos vistos como tradicionais, acionando os enquadres pedagógico e científico, para compatibilizar as tensões entre o novo e o velho no processo de construção de seus objetos de ensino. Nesse contexto, os conceitos e argumentos oriundos do debate nacional sobre língua portuguesa e ensino assumem valor específico, em função dos recursos disponíveis, das urgências institucionais e das relações locais de poder. Ainda que as mudanças institucionais se estruturem sobre demandas nacionais e oficiais, localmente as inovações nem sempre se configuram da forma como prevê o projeto acadêmico de esclarecimento ou de inovação respaldado pelo Estado .

ASSUNTO(S)

lingua portuguesa - estudo e ensino linguistics pratica de ensino media linguistica ensino superior higher educational midia portuguese language practice teaching

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