Vulnerabilidade ao homicídio: sócio-história das mortes violentas na cidade de Campo Grande/Mato Grosso do Sul, 2004

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A violência afeta a saúde porque provoca agravos e alterações negativas na integridade humana, tolhendo, em muitos casos, o direito a vida. Ainda assim, o Brasil entra neste século, tendo a violência como um importante problema de saúde pública. À partir da constatação que, no município de Campo Grande/MS, o homicídio é a principal causa de morte entre jovens, este estudo situou as mortes violentas no campo da saúde pública, estabelecendo relações entre as agressões e o meio.Trata-se de um estudo de caso, realizado por meio de dados secundários coletados em processos judiciais em tramitação no Cartório da Segunda Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Campo Grande/MS. Constatou-se que a grande maioria das vítimas e autores dos homicídios eram homens, entre 15 e 25 anos, de baixa escolaridade, que viviam na periferia urbana da cidade, de trabalhos informais que exigem pouca ou nenhuma qualificação. Em muitos casos, vítima e autor do crime mantinham algum tipo de relacionamento anterior, e 48,58% dos homicídios aconteceram na residência de um deles, sendo que 57,14% dos casos envolveram uso de álcool. O instrumento mais utilizado para o crime foi a arma de fogo, e 50,00% dos vitimados foi a óbito no local da agressão. Verificou-se que em 71,43% das ocorrências o autor do crime foi indiciado por homicídio simples e em 27,14% por homicídio qualificado, sendo a maioria por motivo torpe ou fútil. Ainda assim, 54,29% dos criminosos aguardam julgamento em liberdade, em decorrência, principalmente da lentidão dos ritos processuais do Judiciário. Os resultados obtidos revelam a violência cega e gratuita. Não se trata de eventos acidentais nem de fatalidades, mas sim de um grave problema de saúde pública que deve e pode ser prevenido por meio de políticas públicas saudáveis, intersetoriais, que promovam, sobretudo, a justiça social e a cultura da paz.

ASSUNTO(S)

mortalidade saude coletiva violence saúde pública violência public health mortality

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