Vox medii vox dei : a apropriação do sagrado pela imprensa
AUTOR(ES)
José de Arimathéia Cordeiro Custódio
DATA DE PUBLICAÇÃO
2006
RESUMO
Este trabalho é um extenso exercício do pensamento. Representa, na verdade, o ponto de convergência entre diversas disciplinas: Comunicação (Jornalismo), Lingüística, História, Filosofia e Psicologia, todas voltados para um fenômeno da cultura humana que teima em transcender uma classificação euclidiana ou cartesiana: a linguagem. Não a linguagem como mero processo comunicativo, lingüístico, histórico, social ou cultural, mas todos eles. É nossa meta comprovar a franca utilização de um discurso religioso no texto jornalístico, que em teoria deveria ser isento de tais marcas, especialmente no jornalismo científico. As mensagens jornalísticas revelam "testemunhos de fé", atuam como profetas e oráculos. São portadoras de mensagens do Alto (onde seria?), trazem conhecimentos reveladores, detêm a verdade e a credibilidade popular. Parte-se da idéia de uma linguagem escrita criada e usada como ferramenta de poder, revestida de uma aura de sacralidade e uma origem mítica. Percorrendo a história do pensamento humano ocidental, nota-se que, paralelamente, a escrita mantém suas características de poder. Seu caráter sagrado não arrefece em momento algum, mesmo nas mudanças políticas e dos sistemas de produção. A sacralidade da escrita resiste a todo tipo de revolução, e o sagrado permanece, inabalável, para irritação dos modernos. Os próprios modernos já começam a conhecer seu declínio, enquanto o sagrado novamente se fortalece. O sagrado não apenas é uma eventual sugestão de pauta, uma alegoria ou uma referência popular, nem somente uma forma de aproximar o leitor do texto científico. É até este ponto que vai este estudo. Depois de refazer a história da escrita e de seu caráter sagrado no mundo ocidental - parando em períodos-chave como a própria invenção da escrita; a cultura judaico-cristã, a invenção da imprensa de Guttemberg e o predomínio da razão na Idade Moderna - chega-se à expressão máxima desse aparente paradoxo: o discurso sagrado utilizado pelo jornalismo científico, sem pudores, sem medo de pecar.
ASSUNTO(S)
análise do discurso linguagem religião e linguagem jornalismo discourse analysis religion and language journalism
ACESSO AO ARTIGO
http://189.90.64.145/document/?code=vtls000115674Documentos Relacionados
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